Yolanda, uma mulher negra, hoje com 89 anos, foi submetida a uma situação de escravidão por cinco décadas. Segundo relatos, ela não pode ter contato com a família e sofreu abusos físicos e psicológicos, além de não ter recebido salário ou dias de folga durante o período. O caso foi denunciado em 2020, mas só veio em público agora.
Em 2020, Zilmara de Souza Dantas, uma vizinha da casa em que Yolanda trabalhava, notou situações estranhas e por denunciou à polícia. “Ela estava trabalhando ainda com uma idade tão avançada. A roupa dela era muito gasta, muito puída, sempre de chinelo, muito humilde e um machucado na perna que não sarava nunca”, testemunhou Zilmara.
“Dava bom dia para ela, boa noite, mas ela não me respondia. Olhava sempre para baixo. Parecia coagida a não se comunicar”, contou a vizinha.
Em relato, dona Yolanda falou sobre como era a situação. “Limpava, fazia faxina… serviço familiar; lavar, passar, cozinhar. Ela não me pagava ordenado. A filha dela, Rosana, queria me bater toda hora, berrava muito comigo”, contou.
O Ministério Público do Trabalho pediu que a Justiça reconheça a vítima dos maus-tratos como vítima de situação de trabalho análogo à escravidão, além disso, que a família da patroa, Nirce, arque com R$ 1 milhão por danos morais coletivos. Tanto Nirce como as duas de suas filhas morreram durante as investigações.
Por ter passado 50 anos sem contato algum, os parentes da idosa acreditavam que ela já tinha morrido, Viviane, uma das netas, recebeu uma ligação da polícia contando que a avó estava viva. “Só conseguia lembrar da minha mãe. Porque até o último dia da vida dela, ela acreditava que a mãe dela estava viva. Só que ela não teve a oportunidade de poder reencontrá-la”, contou.