A proposta feita por Elon Musk para comprar o Twitter foi aceita na última segunda-feira (25) e, de lá para cá, o presidente Jair Bolsonaro ganhou 40 mil seguidores robôs. Influenciadores e políticos de direita usaram a plataforma para comemorar o engajamento manipulado com o discurso que o empresário sul-africano dará “liberdade de expressão” aos usuários.
Musk tem feito promessas de garantir total liberdade para que os perfis da ferramenta opinem sem qualquer restrição e o grupo bolsonarista passou a defender a tese que a ferramenta de redução de alcance de publicações foi derrubada nas últimas horas, o que permitiu a chegada de “novos seguidores”.
“Em poucas horas, após o anúncio da compra do Twitter por Elon Musk, ganhei mais da metade de seguidores que normalmente ganho em um mês. Algumas mudanças no engajamento já são perceptíveis. Era fato que o algoritmo anterior sabotava as contas”, escreveu o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
“Minha conta do Twitter há tempos estava sendo limitada com redução drástica de alcance dos tweets. Meus novos seguidores ficavam numa média de 700 ao dia. Ontem meu alcance voltou ao normal e obtive 8 mil novos seguidores”, comentou o deputado Carlos Jordy, que faz parte da base de apoio do governo.
Nesta terça, às 17h39, o analista de dados Pedro Barciela mostrou o crescimento de Jair Bolsonaro e dos seus apoiadores. “Movimentação estranha no Twitter: se analisarmos os dias 24 e 25/05, Jair Bolsonaro ganhou 31 mil seguidores, 155% a mais do que ganhou nos dois dias anteriores, por exemplo”, explicou.
Movimentação estranha no Twitter: se analisarmos os dias 24 e 25/05, Jair Bolsonaro ganhou 31 mil seguidores, 155% a mais do que ganhou nos dois dias anteriores, por exemplo. E tem mais: (+)
— Pedro Barciela (@Pedro_Barciela) April 26, 2022
Jair Bolsonaro e os robôs
Às 19h04, desta terça, o engenheiro Christopher Bouzy também se manifestou sobre os índices de crescimento de Bolsonaro. Em 2018, ele lançou a plataforma Bot Sentinel para identificar se determinado perfil do Twitter é um robô automatizado, os famosos bot.
A ferramenta cresceu muito, tornando-se popular nos Estados Unidos para investigar campanhas de ódio. O caso mais famoso envolveu o casal Harry e Meghan Markle. O analista identificou que o Brasil tem papel de destaque quando o assunto é desinformação.
Por conta disso, ele tem acompanhado de perto os movimentos políticos do país e a Bot Sentinel analisou 65 mil contas que começaram a seguir o presidente brasileiro de ontem para hoje.
“19.999 (sim, esse é o número real) foram criados hoje e 17.923 foram criados ontem. Aproximadamente 58% dos últimos seguidores de Jair Bolsonaro foram criados desde ontem”, explicou.
We finished analyzing the 65,000 accounts that started following Jair Bolsonaro.
19,999 (yes that is the actual number) were created today, and 17,923 were created yesterday. Approximately 58% of Jair Bolsonaro's latest followers were created since yesterday.
— Christopher Bouzy (spoutible.com/cbouzy) (@cbouzy) April 26, 2022
A influência dos robôs
O uso de robôs não serve apenas para aumentar o número de seguidores para os políticos de direita que apoiam o presidente da República. Os bots também são utilizados para aumentar o engajamento em comentários, curtidas e compartilhamentos nas redes sociais.
Quanto maior for o engajamento em uma postagem, maior a tendência do assunto postado repercutir. Ou seja, a estratégia é inflar os índices de forma artificial, mas ter como resultado final um debate orgânico, pautando usuários do Twitter e também a imprensa, que hoje tem como o Twitter uma ferramenta de informação.
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