O antifeminismo do Brasil Paralelo é para bolsonaristas que não gostam de mulher. Por Nathalí

Atualizado em 2 de maio de 2022 às 21:07
Feminismo bolsonarismo bolsonaristas
O bolsonarismo odeia o feminismo

Um dos assuntos mais comentados no Twitter hoje foi o antifeminista (e misógino) vídeo do canal bolsonarista “Brasil Paralelo”, intitulado “A face oculta o feminismo.”

Confesso que sempre achei fidedigno o título do canal: Brasil Paralelo. Eles vivem mesmo em um país que não conhecemos. Tentando uma imitação barata do Meteoro Brasil – esse sim, um canal decente –, o Brasil Paralelo espalha fake News e discurso de ódio no YouTube, assumindo um importante papel no bolsonarismo que defende.

Os vídeos têm, em geral, um verniz de respeitabilidade, com fontes inventadas ou incompletas, mas, em termos de conteúdo, espalha desinformação e presta um desserviço ao Brasil.

Dessa vez não seria diferente: o vídeo, dirigido por Guilherme Freire, diretor do canal, é um verdadeiro compilado de mentiras – e não é o primeiro sobre esse assunto a ser publicado por ele.

Encontra-se de tudo, menos a história do feminismo. Com uma música triste e cafona ao fundo, o apresentador já coloca o que ele chama de “face oculta do feminismo”.

A desonestidade não tem limites: na tentativa de construir alguma verossimilhança aos absurdos que espalha na internet, o canal convida mulheres para darem “aulas” de antifeminismo aos bolsominions (como se eles já não fossem escolados em matéria de misoginia).

Uma das mentiras é que não foi o movimento feminista que inseriu a mulher no mercado de trabalho. De fato, essa inserção se deve muito mais à Revolução Industrial. O que as queridas “esquecem” de mencionar é que os direitos trabalhistas igualitários para as mulheres foram, esses sim, conquistados pelo movimento feminista.

O Brasil Paralelo conta mentiras tão absurdas que parecem de fato subestimar seu público. Dizer que as mulheres “sempre trabalharam fora”, por exemplo, exige uma cara de pau afiada.

Esse canal, que pra nós – portadores de alguma noção – é tosco e obtuso, tem conquistado um público gigantesco. Mais que isso, tem se tornado uma máquina potente de propaganda política bolsonarista.

Segundo a revista Piauí, o canal é recordista nesse tipo de propaganda, tendo pago 3 milhões em anúncios na plataforma.

De onde vem essa grana? Como um canal do YouTube pode gastar 3 milhões só em anúncios?

A justiça brasileira ainda não nos deu essa resposta, mas basta dizer que o canal foi para outro patamar – de faturamento, mesmo – após a eleição de Bolsonaro, e é investigado por fazer parte do esquema de Fake News que resultou neste desgoverno.

Enquanto nós subestimamos os bolsonaristas – burros, ineficientes, incapazes – eles se unem e se articulam em seu cercadinho.

Desde que Bolsonaro assumiu a presidência, o Brasil Paralelo passou a ganhar muito espaço no MEC. A TV Escola, aquela que Bolsonaro pretendia fechar, tem transmitido o conteúdo do canal em sua programação.

Fato é que o bolsonarismo que tanto subestimamos simplesmente aparelhou uma emissora pública para divulgar desinformação.

Um canal que tem como guru Olavo de Carvalho está faturando milhões e com certeza será peça chave nas eleições deste ano. É por essa razão que não podemos mais perder tempo: é preciso ocupar as redes com canais progressistas como o Meteoro Brasil e o Tese Onze, porque a disputa que nos aguarda em outubro será decerto muito mais difícil do que imaginamos.

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