O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT ao Palácio do Planalto, estampa a capa da nova edição da Time, que será disponibilizada no dia 23 de maio. A revista norte-americana, uma das mais conhecidas do mundo, publicou nesta quarta-feira (4) a entrevista concedida pelo petista à repórter Ciara Nugent.
“O segundo ato de Lula: presidente mais popular do Brasil retorna do exílio político com a promessa de salvar a nação”, diz a chamada da reportagem.
TIME's new cover: Brazil's most popular President returns from political exile with a promise to save the nation https://t.co/qmLcrH61W7 pic.twitter.com/gHdVpY7jY1
— TIME (@TIME) May 4, 2022
Time destaca apetite de Lula
A matéria diz que o ex-presidente, aos 76 anos, “esperava uma vida mais tranquila longe dos salões do poder”, mas que não hesitou em voltar à linha de frente da política. Na entrevista, ele afirma: “A política vive em cada célula do meu corpo, porque eu tenho uma causa. E nos 12 anos desde que deixei o cargo, vejo que todas as políticas que criei para beneficiar os pobres foram destruídas”.
“O sonho do Brasil que Lula perseguiu durante sua presidência de 2003 a 2010 está em frangalhos, diz ele. Por meio de programas sociais progressistas, pagos pelo boom de produtos brasileiros como aço, soja e petróleo, o governo Lula tirou milhões da pobreza e transformou a vida da maioria negra e da minoria indígena do país”, destaca a Time.
“Bolsonaro deu um golpe em tudo isso, descartando políticas que ampliavam o acesso de pessoas pobres à educação, limitavam a violência policial contra comunidades negras e protegiam terras indígenas e a floresta amazônica. A Covid-19 já matou pelo menos 660.000 brasileiros. Bolsonaro, que chamou o vírus de ‘gripezinha’, apelidou as pessoas que seguiam as orientações de isolamento de ‘idiotas’ e se recusaram a tomar uma vacina e a comprar doses para os brasileiros quando estivessem disponíveis”.
“Apenas olhe para o que eu fiz”, diz Lula
Lula promete, na conversa, que o Brasil “voltará a ser protagonista no cenário internacional”. Ao falar sobre os temores do mercado em relação à sua possível volta ao poder, ele diz:
“Sou o único candidato com quem as pessoas não devem se preocupar [com a política econômica]. Porque já fui presidente duas vezes. Não discutimos políticas econômicas antes de vencer as eleições. Primeiro, você tem que ganhar as eleições. Você tem que entender que em vez de perguntar o que vou fazer, apenas olhe para o que eu fiz”.
Política internacional
O petista também faz uma crítica à ONU, afirmando que é necessário renovar as instituições globais. “As Nações Unidas de hoje não representam mais nada. Os governos não levam a ONU a sério hoje, porque tomam decisões sem respeitá-la. Precisamos criar uma nova governança global”.
Sobre a guerra na Ucrânia, o brasileiro diz que os três líderes envolvidos no conflito têm culpa. “Os EUA têm muita influência política. E Biden poderia ter evitado [a guerra], não incitado. Ele poderia ter participado mais. Poderia ter tomado um avião para Moscou para conversar com Putin. Esse é o tipo de atitude que você espera de um líder”, declara.
“Vejo o presidente da Ucrânia falando na televisão, sendo aplaudido de pé por todos os parlamentares [europeus]. Esse cara é tão responsável quanto Putin pela guerra. Porque na guerra, não há apenas uma pessoa culpada”.
Bolsonaro queria ser eleito Personalidade do Ano pela Time
Em 2021, Bolsonaro venceu a enquete popular que escolhia a Personalidade do Ano de 2021 na publicação, porém a decisão final era dos editores da revista, que não deram o prêmio ao presidente.
Ele havia ficado empolgado com a possibilidade. “Será que vai para mim aquele prêmio ou não?”, questionou aos seus eleitores na época.
Na matéria da revista sobre o prêmio, Bolsonaro foi classificado como “um líder polêmico”, que enfrenta uma desaprovação crescente sobre o modo como lida com a economia e que enfrentou críticas generalizadas por minimizar a gravidade da Covid-19 e exibir ceticismo em relação à vacina.