A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves falou pela primeira vez sobre a menina yanomami de 12 anos estuprada e morta por garimpeiros na região do Waikás, Roraima, em entrevista ao UOL na quarta-feira (4).
Damares disse que o caso causou repercussão, mas que a questão não pode ser “pautada por um só caso”, ela afirmou que lamenta, mas que casos do tipo acontecem todo dia. “Esse caso dessa menina causou essa repercussão toda, e isso é muito bom porque a gente ainda vai conversar sobre violência sexual contra crianças indígenas. A gente não pode ser pautada por um só caso. Lamento, mas acontece todo dia”, disse.
A pré-candidata ao Senado pelo DF contou que vem denunciando casos de violência contra crianças e mulheres indígenas há muito tempo e “acha bom” que agora todos estão chocado com o episódio. “Quando acontece casos como esse, as pessoas querem muito que a Damares se manifeste. Mas veja só: fui eu que falei sobre o estupro de crianças, inclusive estupro coletivo de crianças em áreas indígenas até mesmo em forma de ritual. Fui eu que levantei, no Brasil, lá atrás, em forma de debate, sobre a cultura nociva em alguns povos no Brasil”, afirmou.
“O estupro dessa menina nos chocou como nos chocou o estupro da menininha lá entre os Guarani Kaiowá. Infelizmente esse não é um caso isolado e a gente tem que se levantar como um todo no enfrentamento à violência contra meninas e mulheres indígenas.”
Damares se referiu ao estupro coletivo de uma menina indígena de 11 anos, morta ao ser jogada de um penhasco de cerca de 20 metros, na pedreira da aldeia Bororó, no município de Dourados (MS). O crime aconteceu em agosto.
A ex-ministra falou ainda sobre o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Criança, e que haverá um recorte sobre enfrentamento à violência contra crianças indígenas. O documento será lançado no dia 18 de maio.