O jornalista Merval Pereira, entusiasta da terceira via, que não consegue emplacar nas pesquisas, escreveu um artigo no jornal O Globo com o título “A Livre Escolha”. No texto, o colunista sugere mudança na legislação eleitoral para que seja permitida a participação de três candidatos no segundo turno.
“Não há nenhuma razão para quem não é lulista votar no ex-presidente no primeiro turno, nem mesmo dizer nas pesquisas que votará nele. Mesmo que se queira impedir a reeleição de Bolsonaro, e essa é uma tarefa dos democratas, não é preciso apressar o passo, pois a eleição tem dois turnos exatamente para evitar que um presidente seja eleito pela minoria dos eleitores. O raciocínio vale para os antipetistas que escolherão Bolsonaro, apesar de tudo”, iniciou.
“Não dá mais para mudar a legislação eleitoral, mas uma medida a ser estudada, menos traumática do que a implantação do parlamentarismo ou do semipresidencialismo, seria fazer um segundo turno com os três mais votados no primeiro, desde que o terceiro colocado tenha tido um número mínimo de votos, a ser definido na regulamentação”, acrescentou.
Ele destaca que essa proposta já foi colocada na mesa pelo então deputado federal Miro Teixeira, em 2013, mas o Congresso não levou o debate adiante. Merval acredita que um segundo turno com três candidatos ofereceria mais opções aos eleitores durante o debate eleitoral.
“A possibilidade de ter três disputando o segundo turno, de qualquer maneira, seria uma maneira de quebrar a polarização, dar chance a que uma terceira via se apresentasse ao eleitor em situação de competitividade em uma nova eleição”, comentou.
“O voto útil poderia ser mais eficiente do que hoje, quando o eleitor só tem dois a escolher no segundo turno, mesmo que nenhum dos dois sirva a seus propósitos. Deixaríamos de escolher o ‘menos ruim’, como fazemos há tempos, para escolher ‘o melhor’ dos três”, comentou.
Merval Pereira critica Lula e Bolsonaro
O colunista, no texto, dá uma alfinetada no ex-presidente Lula. Ele destaca que os petistas querem trabalhar pelo voto útil no primeiro turno para derrotar Bolsonaro, mas isso daria “um cheque em branco” ao ex-presidente.
Já sobre o atual presidente, o jornalista o chama de “reacionário”, “anacrônico” e “odiento”. “Prepara um golpe antidemocrático a olhos vistos”, opinou. Só que, mais uma vez, resolve atacar o petista.
“Lula continua na frente das pesquisas, tem cometido muitos erros primários, que indicam não estar ele nos melhores momentos, mas tem a vantagem inigualável de ser um democrata, embora tão populista quanto Bolsonaro”, pontuou.