A Folha de S. Paulo virou motivo de chacota nas redes sociais, nesta sexta-feira (13), após a publicação de uma longa entrevista com o filho de Bruno Covas, ex-prefeito de São Paulo que morreu de câncer em maio de 2021.
Convidado por candidatos do PSDB para trabalhar nas eleições deste ano, Tomás Covas, de 16 anos, ganhou espaço em um dos maiores jornais do país para fazer propaganda da “terceira via”.
Morando em Nova York, o garoto fez críticas ao ex-governador de SP Geraldo Alckmin e à “polarização”, como se suas opiniões fossem minimamente relevantes. Tomás disse ainda que seu pai “seria presidente do Brasil” se estivesse vivo. É o jornalismo do “teria sido, se não fosse”.
“Para ser sincero, não tenho dúvidas que o meu pai seria presidente do Brasil algum dia. No mínimo, com certeza candidato, e acho que a gente iria, sim, ganhar”, afirma o adolescente.
A matéria aparece no site da Folha como um dos destaques do dia, logo abaixo da manchete.
Em publicação no Facebook, a jornalista Sylvia Moretzsohn analisou o vexame da Folha com a entrevista. Ela disse que ainda está tentando entender “o que se passou na cabeça do editor para aceitar ou, pior, propor uma entrevista com esse rapaz de 16 anos que disserta sobre alianças políticas do alto da sua adolescência”.
De acordo com Moretzsohn, a matéria traz “o lamento da Faria Lima pela grande oportunidade perdida, pelo grande nome da ‘terceira via’ que seria presidente do Brasil”.
Segundo o sociólogo Ricardo Costa de Oliveira, professor da UFPR (Universidade Federal do Paraná), para compreender por que a mídia dá palco para um menino tucano, é necessário entender “o nepotismo e a hereditariedade na política, nas instituições, nos partidos, nas corporações e na própria mídia”.
“O nepotismo é a maior máquina de reprodução política no Brasil, do maior município ao menor, em todas regiões do país é semelhante, no urbano e no rural. O espaço nas mídias e partidos dominados por formas de nepotismo: ‘Meu pai seria presidente do Brasil, diz filho de Bruno Covas'”, afirma o professor.
Nas redes sociais, a Folha está sendo detonada pela inacreditável falta de profissionalismo. Confira a repercussão:
Aos 16 anos, filho de Bruno Covas dá extensa entrevista à @folha. Se fosse nordestino, com essa biografia, certamente seria classificado como coronel. Como é paulista, a meritocracia garante que a folha encontre interesse jornalístico no que ele pensa aos 16. https://t.co/YomCRYUEPq pic.twitter.com/p7FzCR0zIz
— Caio Balthazar (@balthazarcaio) May 13, 2022
Uma boa reflexão:
(e que loucura os destaques do dia serem Elon Musk e essa entrevista com o filho do Bruno Covas, que vem a ser neto do Mário Covas.) pic.twitter.com/PoxUpdDDyk
— Medo e Delírio em Brasília (@medoedeliriobr) May 13, 2022
https://twitter.com/ilgamba_/status/1525078746855768065
Só faltou completar dizendo "agora a missão ficou pra mim" https://t.co/Bao0hK3C5C
— Salve Oliveira (@salveOliveira) May 13, 2022
https://twitter.com/restritivo/status/1525085942666887168