A jornalista Luanda Vieira denunciou, por meio de seu perfil no Instagram, um episódio de racismo que sofreu de um cabeleireiro do Studio Lorena, salão de beleza no bairro Jardim Paulista, em São Paulo, no último dia 6. Em vídeo publicado na rede social, ela contou que havia ido ao local pela primeira vez para fazer as unhas e o profissional fez comentários em tom de surpresa ao ver uma mulher negra como cliente do espaço.
Na postagem, a jornalista contou que o cabeleireiro Augusto Lima se aproximou de onde ela estava e disse: “Nossa, olhei ali de longe e levei um susto. Achei que a Miriam estava aqui sentada fazendo a unha. Você imagina a Miriam aqui sentada fazendo a unha?”. Segundo Luanda, o homem falou a frase num tom elevado e rindo, o que a fez se sentir exposta e desconfortável.
A jornalista contou que buscou saber quem era Miriam, citada pelo cabeleireiro, e descobriu que ela é negra. Mas descartou qualquer semelhança física com a mulher, além da cor da pele.
“Ou seja: uma mulher negra ali sentada fazendo a unha não pode ser possível. Era esse o recado que ele estava dando enquanto ele ria e falava o quão absurdo seria se a Miriam estivesse lá. Sim, gente, Miriam é negra. Eu perguntei. Pesquisei Miriam no Instagram, achei Miriam. Obviamente a gente não se parece. A única coisa que a gente tem em comum é a cor da pele. O que me leva a ter certeza que ele estava completamente indignado com a minha presença no salão”, disse.
Luanda afirmou ainda que o homem falou “um monte de absurdo”, ignorando completamente sua presença.
“Essa foi a parte que mais me impressionou: ele ignorou a minha presença. Você se sente um nada. Fiquei completamente sem reação. Você não acredita que aquilo está acontecendo” contou. “Na hora de fato eu não tive nenhuma reação. Fiquei super acuada, super sem graça, não estava me sentindo confortável no ambiente”.
Ela disse também que a fundadora do salão entrou em contato com ela, convidando-a a voltar ao salão.
“E aí antes de ir embora eu contei a história para a recepcionista, que me pediu mil desculpas em nome do salão. A fundadora do salão entrou em contato comigo, me ouviu, ela pediu desculpas, pediu para eu dar uma segunda chance para o salão porque os profissionais lá não são desse jeito. E obviamente eu falei que não porque eu sei que vou chegar no salão e as pessoas vão me tratar bem porque a Luanda chegou, a Luanda do caso de racismo, então a gente tem que ser exemplar”, afirmou.
Segundo a jornalista, durante a conversa, ela foi mais uma vez alvo de um comentário racista: “Nesse telefonema, uma outra coisa que me chamou muito a atenção é que em dado momento da conversa, a Fernanda, que é a fundadora do Studio Lorena, virou para mim e falou assim: ‘Nossa, talvez você não saiba o quão educada você foi ao mandar essa mensagem e a forma que você escreveu a mensagem’. Mas, Fernanda, por que eu não seria educada? Vocês entendem as minúcias que tem atrás de cada fala de uma pessoa racista que diz que não é racista? Porque eles esperam que a gente quebre tudo, que a gente faça barraco, que a gente faça escândalo”.
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