A última pesquisa IPESPE revela um dado constrangedor para grande parte da claque lulista e bolsonarista: o PT tem a melhor propaganda de TV dentre todos os partidos políticos do país.
Dos 33% de brasileiros que assistiram uma propaganda partidária na TV, 52% afirmam que assistiram a propaganda do PT. Outros 15% citaram a propaganda do PSDB. Os dois partidos seguintes que aparecem neste ranking são PL e PSOL (6% cada). Para quem afirmava, até aqui, que a comunicação do PT e da campanha de Lula era frágil, a pesquisa do IPESPE desmorona tal argumento e deve fazer lulistas céticos ou inseguros ficarem alegres com seu erro de interpretação.
Há, ainda, mais uma dado para lulistas e petistas festejarem. A pesquisa IPESPE pergunta se os entrevistados assistiram a propaganda de candidatos à Presidência da República. Novamente, 1/3 dos respondentes assistiram. Desses, 66% cravaram que se lembram da propaganda de Lula. O segundo mais citado é João Dória, por míseros 28%. Finalmente, para desespero do “Gabinete do Ódio” e marqueteiros bolsonaristas, aparece em terceiro lugar o atual presidente, Jair Bolsonaro, com 25% das citações (a pesquisa propicia mais de uma opção de resposta, caso o entrevistado tenha assistido propagandas de vários candidatos).
Não tem como ter dúvida: as propagandas do PT e de Lula são as mais eficientes até aqui.
Quem deveria estar desesperado é o bolsonarista de plantão, aquele histérico que não entende de nada, mas fala de tudo com a certeza de quem acabou de acordar da bebedeira.
Então, o que estaria ocorrendo para presenciarmos brigas entre petistas para o controle da comunicação e ainda existir lulistas postando nas redes sociais como se o Apocalipse estivesse próximo?
Arrisco afirmar que são dois fenômenos com causas distintas.
A briga pela comunicação se relaciona com o sucesso que o IPESPE capturou em sua pesquisa. Quanto mais próximo do poder, mais disputa interna. É como tiete querendo fazer uma selfie com a celebridade: o comando da comunicação da campanha de Lula faz o dirigente ficar mais próximo do futuro governo. Em outras palavras, é uma escada que está subindo para chegar à cadeira que fica ao lado de Zeus.
Já o desespero de alguns lulistas virtuais – no duplo sentido – se dá pela soma de certo trauma não superado e total inexperiência para saber como se conduz uma campanha política. Este perfil indica uma mudança importante na base social do lulismo: se antes era astuta e confiante, agora é insegura e menos experiente. Há um enorme contingente de lulistas que entrou na festa no período áureo dos governos de Lula.
Não eram engajados em lutas sociais ou políticas e raramente se arriscaram em conflitos ou campanhas públicas. Não são calejados pelos embates e meio que se comportam como uma torcida que sente que é o 12º jogador em campo: a vitória do seu time deve alguma coisa ao seu engajamento. Não raro, este tipo de torcedor vai acumulando TOCs, aquele transtorno que o leva a usar sempre a mesma camisa no dia do jogo ou fica de costas para a televisão para não dar azar.
Não resta dúvida que se trata de um torcedor com as melhores das intenções.
Mas, suas conclusões são invariavelmente descalibradas e exageradas. É deste pessoal que vem sempre o tal “vai ter golpe” ou “não vai ter eleição” ou, ainda, “os militares não aceitarão que a esquerda volte ao poder” e coisas do tipo. Frases definitivas sobre algo que ninguém tem como ter certeza. Mas, esta é uma forma de administrar a ansiedade e acaba sendo um antídoto emocional para uma futura frustração.
Fica até estranho pensar que alguém que torce para um candidato que está 15% à frente do que luta pela reeleição possa ter algum indício de frustração. Mas, é algo parecido com a lógica daquele locutor que diz que um time que está ganhando por 2 a 0 se arrisca porque, se levar um gol, o outro time vai para o tudo ou nada. Por esta lógica completamente insana, o melhor é ficar no 0 a 0 durante grande parte do jogo.
Parte dos torcedores de Lula que estão nesta categoria estão traumatizados pela sequência queda de Dilma Rousseff, prisão de Lula e vitória eleitoral de Bolsonaro. O impacto parece ter sido tão profundo que este eleitor “tem medo de ser feliz”. Não quer acreditar que seja possível um terceiro governo de Lula. No fundo, se desespera por avaliar que se tiver certeza, Lula perderá (porque desafiará alguma força sobrenatural que ficará com raiva desta empáfia).
Esta lógica torta é a mesma dos que afirmam que o “já ganhou” dá azar e desmobilizará a campanha lulista. Ledo engano. Eu estive em várias campanhas e fui um dos coordenadores da campanha de Lula em 1989. A militância petista sempre agiu por adrenalina pura. O movimento de certeza da vitória age como gasolina espirrada na fogueira: os militantes pegam fogo e ninguém mais os segura. O eleitor médio brasileiro também pensa assim: “não joga voto fora”, ou seja, não vota em quem está perdendo.
Pois bem: a pesquisa IPESPE indica que a campanha de Lula está no caminho certo. É uma campanha vitoriosa, com a comunicação mais eficiente, mais efetiva, que mais gera fixação e memória no eleitor brasileiro. Então, é daqui para melhor.
Quem continuar afirmando que é preciso mudar a estratégia de comunicação está precisando de ajuda. Já não se trata de problema político ou de interpretação, mas de equilíbrio psicológico.