Economia, votos válidos e rejeição: veja motivos que fazem Lula ganhar no 1° turno, segundo a Quaest

Atualizado em 9 de junho de 2022 às 3:37
Toalhas de Lula fazem sucesso

O cientista político Felipe Nunes, diretor da consultoria Quaest, fez uma análise sobre o novo levantamento, que indica a possibilidade de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno da eleição deste ano. OMI relatou esta notícia.

Na 12ª rodada da pesquisa Genial/Quaest, publicada nesta quarta-feira (8), o petista abre 18 pontos percentuais sobre Bolsonaro e registra 52,87% das intenções de voto. É o maior índice de intenções de voto para Lula dos últimos seis meses.

De acordo com Nunes, há vários fatores que justificam a preferência dos eleitores brasileiros pelo ex-presidente. Ele ajuda a compreender cada um desses motivos no texto abaixo, publicado em seu Twitter:

Há algumas formas de explicar o favoritismo de Lula. A primeira delas é comparando a rejeição dos candidatos: na disputa entre os menos piores, Lula tem a menor taxa de rejeição entre os candidatos competitivos (40%), Bolsonaro tem a maior (60%).

A péssima percepção do eleitor sobre a situação econômica atual também ajuda a entender porque Lula está na frente: para 44% dos brasileiros, a economia é o principal problema enfrentado pelo país atualmente.

Quando dividimos a economia em sub-temas, identificamos que a inflação passou a ser o principal fator de preocupação do eleitor brasileiro. Em set/21, só 6% diziam que a inflação era o principal problema do país. Hoje, são 23%.

Para 57% dos brasileiros, está ficando mais difícil pagar as contas nos últimos meses, e 63% dizem que a economia brasileira piorou no último ano. Tudo isso ajuda a explicar por que o governo está tentando de tudo para diminuir a pressão inflacionária criada pelo aumento dos combustíveis.

Se para 66% dos brasileiros a situação econômica influencia muito ou mais ou menos o voto para presidente, Bolsonaro precisa encontrar saídas que tirem do seu colo a responsabilidade pelo problema.

E o presidente precisa fazer isso logo, porque cresceu o percentual de brasileiros que afirmam que é Bolsonaro o principal responsável pelo aumento nos preços dos combustíveis (passou de 24% para 28% em dois meses).

Para piorar, Bolsonaro enfrenta o candidato cujo governo é tido por 62% dos eleitores como o melhor da história recente para fazer seu salário ter mais poder de compra. Ou seja, até eleitores adversários reconhecem que o salário valia mais durante o governo Lula.

Mas não é só de economia que se faz uma eleição. Campanhas são guerras de narrativas que apelam para os sentimentos das pessoas. Por conta disso, nós testamos o ‘medo’ e o ‘merecimento’ na visão do eleitorado do país.

Mais da metade dos eleitores tem medo de que o atual governo continue (52%), enquanto 35% tem medo da volta do PT ao governo. Mais interessante é quando abrimos o dado por tipo de eleitorado.

O eleitor do Lula tem medo da continuidade do governo Bolsonaro. Eleitor do Bolsonaro tem mais medo da volta do PT. Mas eles não decidem eleição. São os eleitores swing que precisam ser conquistados. Nesse público, o medo de continuar é maior do que o medo de mudar.

Lula também leva vantagem no quesito merecimento: enquanto 62% acham que Bolsonaro não merece um segundo mandato como presidente, 54% acham que Lula merece sim voltar a ser presidente.

O voto estratégico em Lula para derrotar Bolsonaro logo no 1º turno também ajuda a entender o favoritismo do ex-presidente. Entre os que não declaram voto em Lula ou Bolsonaro, 27% mudariam voto para que Lula vença no 1º turno.