A morte de Bruno e Dom e a barbárie que virou rotina. Por Milton Blay

Atualizado em 15 de junho de 2022 às 17:37
Dom Phillips e Bruno Pereira estão desaparecidos na Amazônia desde o dia 5 de junho
Foto: Reprodução

Somos herdeiros dos verdadeiros brasileiros, dos povos que aqui estavam quando o homem branco chegou para conquistar, matar, destruir, se impor. Somos herdeiros dos povos que ontem foram aculturados pela força e hoje são vítimas de genocídio; genocídio sim, porque é preciso dar nome aos crimes cometidos cotidianamente. Trata-se de um genocídio pensado, deliberado, desejado. E nós, herdeiros deste débito gigantesco, estamos pouco a pouco morrendo com eles.

Nós, Judias e Judeus Sionistas de Esquerda, também somos herdeiros dos nossos antepassados, igualmente vítimas do ódio assassino. Os nazi-fascistas quiseram apagar nossos avós da História. Hoje, o Estado brasileiro quer fazer o mesmo com os povos primeiros.

O presidente da República, entusiasticamente, proclamou: – Os indígenas são quase gente como a gente.

Visão mentirosa, de quem quer adaptar a realidade à sua forma caolha de ver o mundo. Devemos aos indígenas o que resta da Floresta, do Cerrado, do Pantanal, da Mata Atlântica. Enquanto Brasília e seus protegidos – madeireiros, grileiros, garimpeiros, criadores de gado, latifundiários, pistoleiros e narcotraficantes – operam livremente em suas atividades criminosas. A FUNAI e o IBAMA se transformaram em inimigos, cúmplices da destruição do meio-ambiente e dos povos indígenas.

As mortes de Dom Phillips e Bruno Pereira são apenas mais um capítulo da barbárie, que virou rotina neste país chamado Brasil, governado por Jair Bolsonaro, defensor da morte. Choramos Dom, Bruno e milhares de outros assassinados anônimos – indígenas, quilombolas, ribeirinhos, camponeses, indigenistas, ambientalistas, ativistas.

Antes de desaparecer, Dom Philips escrevia um livro em que nos interpelava:  “Como salvar a Amazônia?”

Ao que respondemos: Como salvar o Brasil?

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