Sem capacete, Bolsonaro faz motociata em Manaus e ignora mortes de Bruno e Dom

Atualizado em 19 de junho de 2022 às 9:17
Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro em motociata de Manaus
Foto por: RICARDO OLIVEIRA / AFP

Em clima de eleição, neste sábado (19), o presidente Jair Bolsonaro, durante passagem por Manaus (AM), em dois eventos religiosos e uma motociata, em que não usou capacete, falou sobre pautas como costumes, manutenção da Zona Franca de Manaus e defesa de CPI na Petrobrás.

No entanto, o assassinato do indigenista Bruno e Pereira e do jornalista Dom Phillips, ocorrido no Vale do Javari, dentro do município de Atalaia do Norte (a 1200 quilômetros de Manaus) foi ignorado nos pronunciamentos.

“Para falar uma palavra só sobre economia: o governador (Wilson Lima) é testemunha de como tem aumentado a produção e a montagem de motos aqui na Zona Franca de Manaus”, afirmou o presidente durante discurso de quatro minutos na comemoração do 24° Congresso Internacional da Visão Celular no Modelo dos 12, realizado pelo Ministério Internacional da Restauração (MIR), no Sambódromo.

Estimulamos o uso desse meio e a Zona Franca que é de 1967, época de Castello Branco, o primeiro presidente militar. Não seria eu, o sexto capitão exército que trataria de forma diferente a Zona Franca de Manaus, em grande parte, responsável por manter a Amazônia Brasileira longe da cobiça internacional”, completou Bolsonaro.

Responsável pelo MIR e aniversariante do dia, o apóstolo Renê Terra Nova, abriu o evento afirmando que a Biblía “ordena que devemos orar pelas autoridades constituídas e trabalhar em prol da prosperidade do País”.

No fim do discurso, Bolsonaro agradeceu a população do Estado por acreditarem na pátria, no valor da família, por ser contra o aborto, a ideologia de gênero e a liberação das drogas. “A família é célula da sociedade; uma família perfeita, ajustada é mais do que lucrativa para o Estado, ela é a certeza que o estado será sempre soberano e livre”.

Discurso esse que teve o mesmo tom da fala realizada mais cedo durante o Ato do MIR. “Eu não quero ser escravizado, não quero ver a minha família, que é meu patrimônio, assim como as famílias de vocês, tendo sua liberdade castrada, que seja escravizada, que se transforme em vegetais neste lindo e rico país maravilhoso”, disse ele.

Apoiadores do presidente aglomeram-se em uma das vias do Complexo da Ponta Negra, ponto turístico de Manaus, para a concentração da motociata organizada por movimentos de direita do Amazonas. A organização do evento divulgou a participação de 12 mil pessoas. A Polícia Militar, no entanto, informou cerca de 2,4 mil participantes.

Jingles de apoio ao ex-capitão em diversos ritmos com alusão às eleições de 2022 e ofensas à esquerda foram feitas durante o aquecimento. Várias infrações de trânsito foram notadas pela reportagem como a da falta do uso de capacete por alguns manifestantes, venda e consumo de álcool e estacionamento de caminhonetes e motocicletas na calçada. O Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) responsável pela fiscalização do trânsito, informou estar com 107 agentes de trânsito operando durante todo o evento, mas não confirmou o número de autuações.

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