Nesta segunda-feira (4), o artigo escrito por Washington Olivetto no Globo, com o título “O Rio de Janeiro continua lindo”, viralizou pela idiotice completa. O publicitário, que nasceu em São Paulo, fez um retrato da capital fluminense completamente desconectado da realidade.
Na história narrada por ele, o leitor é levado a viver em um Rio espetacular. Não há crime, pessoas não passam fome, não há qualquer cidadão desempregado e todos possuem grandes possibilidades para aproveitar cada ponto turístico do município. Com grana.
“Ele [seu filho] e mais quatro amigos de escola — dois franceses, um australiano e um brasileiro — resolveram fazer uma viagem comemorando a aprovação dos cinco nas universidades que escolheram. Elegeram o Rio de Janeiro e me encarregaram da hospedagem e da programação, coisa que fiz com prazer e a ajuda de alguns amigos. Procurei desfazer, principalmente nos garotos estrangeiros, um pouco da péssima imagem que o Brasil vem construindo no exterior nos últimos anos”, diz um trecho.
“Já na sexta-feira que chegaram ao Brasil, os meninos foram recebidos pela Lucia Gomyde, que foi babá do Theo, virou parte da família e hoje é quem cuida das nossas coisas no Rio de Janeiro. Feliz da vida com o sucesso escolar de seu pupilo, Lucia deu boas-vindas a todos com deliciosas empadinhas de camarão, que pedi pra ela encomendar no Caranguejo, de Copacabana”, diz outro trecho do texto.
Veja, Olivetto demonstra ser um homem de bom coração, já que transformou a babá do Theo, seu filho, em um dos “membros da família”. Só que, é importante ressaltar, Lucia Gomyde – pelo menos ela tem um sobrenome – recebeu a todos com “empadinhas de camarão”, algo que foi pedido pelo publicitário.
Foram comer no restaurante Satyricon. Se eles pediram uma muqueca di crostacei e pesce, tiveram que pagar R$ 398. Ah, detalhe: o prato serve apenas duas pessoas. Ou seja, para os seis se alimentarem, precisariam pagar R$ 1.194. Fora que eles beberam (vinho? Refrigerante? Apenas água?), além de experimentarem os pratos de entrada e a sobremesa.
Em uma semana, o grupo passou pelo Museu de Arte Moderna, o Museu da República e o Museu de Arte Contemporânea. Por feijoada de escola de samba. Caminharam por Ipanema, Leblon e Arpoador. Passaram pelo Cristo Redentor e ao bondinho do Pão de Açúcar.
Enfim, quantos cariocas conseguem passar por esses locais? Não a Lucia Gomyde, certamente, que assiste tudo isso da favela. Ela é da família, mas não está no testamento do patrão.
Ei-la no vídeo abaixo com Olivetto e Lulu Santos no belo apartamento com vista pro mar. Alô, alô dona Lúcia, aquele abraço.
a Lucia que é parte da familia https://t.co/MBUHyzBxRO
— Gregorio Duvivier (@gduvivier) July 5, 2022
Claro que o texto do Olivetto foi criticado nas redes sociais.
Certamente já é assunto velho deste site, mas é que só agora li o texto do Washington Oliveto no ex-tadão e poucas vezes me deparei com um texto tão merda, elitista, paternalista, equivocado, superficial e merecedor de bicuda na cara.
— esforçado (@dafnesampaio) July 5, 2022
Proxima viagem ao rio, Washington Oliveto prepara seu itinerario, segundo propaganda publicada em jornal.
Que que aconteceu aqui meu povo? pic.twitter.com/ke7L8ioCDU
— Luiz Persechini???? (@LuizPersechini) July 4, 2022
A família do Washington Oliveto fez o que qualquer pessoa endinheirada faz no Rio de Janeiro:
Programas merdas.
— moya (@armandomoya) July 4, 2022
É gente eu li a redação q o Washington Oliveto fez p o filho apresentar p professora quando ele voltar das ferias.
— Ana ?️? (@_AnaTT_) July 4, 2022
Quem diria nos anos 90 que o Cumpadi Washington envelheceria melhor que o Oliveto?
— camumbembe lalala ? (@tarrask) July 4, 2022
texto do Washington Olivetto intensificou meu ódio de classe 197%, muito obrigado
— André Maleronka (@Andre_Maleronka) July 4, 2022
Washington Olivetto?
Não. Quem escreveu foi o Marquês de Saracuruna (1832-1897).
— Olfle P Peoee5sso (@FabioMinervini) July 5, 2022
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