Na Fox News, Glenn Greenwald diz que Bolsonaro é “censurado” ao falar de covid e eleições

Atualizado em 6 de julho de 2022 às 21:33
Glenn Greenwald no programa de Tucker Carlson

Fascinante, pelos motivos errados, a entrevista de Glenn Greenwald ao amigo Tucker Carlson — âncora da Fox News abertamente de extrema-direita, divulgador de teorias conspiratórias criminosas como a da “Grande Substituição” — sobre liberdade de expressão.

Carlson passou uma semana no Brasil, especialmente no Rio, defendendo Bolsonaro e sua família numa cavalgada de assessoria de imprensa com direito a foto com cocar e camisa autografada da Seleção.

De acordo com Greenwald, Bolsonaro “tem sido repetidamente censurado por grandes plataformas de tecnologia. Ele foi censurado ao falar sobre Covid, é frequentemente censurado ao falar das próximas eleições.”

Estamos tratando de um delinquente que mentiu sobre os efeitos da vacina, imitou pessoas sufocadas, fez propaganda de cloroquina e ameaça dar um golpe diariamente baseado numa falácia sobre urnas eletrônicas. 

De um líder que sabotou a saúde pública e tem suas digitais numa montanha de quase 700 mil mortos.

Glennwald acrescentou que “Facebook e Google estão essencialmente ditando a brasileiros o que eles podem ou não ouvir do seu presidente democraticamente eleito”. 

A cereja: “Não importa o que você acha de Bolsonaro”.

Nada é mais canalha que o aposto indulgente com um tiranete. “Não importa o que você acha dele” — como assim? 

Greenwald e Carlson concordam que Bolsonaro e Trump são similares em sua luta contra o “sistema”. Uau. “Amazing”, finaliza Carlson. 

Os dois encaram a liberdade de expressão como um valor divino, um direito acima de todos os outros. É permitido, em nome da democracia, propor a sua extinção? Claro que sim. 

A indústria de fake news e mentiras não importa. A máquina de destruir reputações e vidas, bancada com o erário, não existe. Pobre Bolsonaro, impedido de falar o que quiser. 

O fanatismo de Greenwald transforma um sujeito que quis deportá-lo ou prendê-lo em mártir da livre expressão. Em julho de 2019, Bolsonaro foi explícito sobre GG.

“Ele não vai embora. O ‘Green’ pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma ‘cana’ aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não”, afirmou num evento na Vila Militar, em Deodoro, no Rio. 

“Tem que botar pra fora mesmo, quem não presta tem mandar embora. Não tem nada a ver com o caso desse Green-não-sei-o-quê aí, nada a ver com o caso dele. Tanto é que não se encaixa nessa portaria o crime que ele está cometendo. Até porque ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro, pra evitar um problema desse, né, casa com outro malandro ou não casa, ou adota criança no Brasil”.

Greenwald disse que as declarações do presidente eram “comentários perturbados”. No Guardian, escreveu que Bolsonaro o queria “morto” e era um “demagogo”.

Reclamou que só saía de casa com “uma equipe de seguranças armados e um carro blindado” por causa das ameaças de Bolsonaro e seus seguidores. 

Hoje ele sabe, graças a Tucker, que a culpa era do Facebook, do Twitter, da Globo e do Roberto Carlos.