Veneno global: Casagrande sofria processo de cancelamento na empresa. Por Walter Falceta

Atualizado em 7 de julho de 2022 às 11:53
Walter Casagrande emocionado no Altas Horas. Foto: REPRODUÇÃO/GLOBO

Por Walter Falceta

Na manhã desta quinta-feira, 07 de Julho, o o ex-jogador Walter Casagrande Junior concedeu entrevista para o portal UOL, sabatinado pelo colega Mauricio Stycer e pelos amigos Kennedy Alencar e Milly Lacombe. O que mais se destacou no depoimento? O comentarista esportivo admitiu que deixou a Rede Globo, na qual trabalhou por 25 anos, como resultado de um processo de isolamento, promovido pelos próprios colegas.

– Antes, o que eu dizia, por muito tempo, tinha eco; depois, passou a não ter eco. Não era um complô. Mas eu me senti, aos poucos, deslocado e isolado. (…) Porque meu modo de ver o futebol não é engraçado. Acho o futebol muito sério, porque mexe com a parte social e política do país. É coisa muito séria. (…) Talvez a Globo (direção) queira uma postura mais branda. (…) Senti que foram meus posicionamentos sociais e políticos. Indiretamente, era o “vamos parar, vamos diminuir com isso”.

Essa mudança no perfil da Globo estaria ligada à mudança na organização interna da emissora, que retirou o esporte da área de jornalismo e o submeteu ao setor de entretenimento. A alteração não agradou o eterno ídolo corinthiano, que também se destacou no São Paulo, na Seleção Brasileira e em vários times europeus.

– O futebol não é para ser engraçado. Ainda mais neste momento crítico do país. Fizemos a Copa América com milhares de pessoas morrendo por causa da Covid. O presidente fazendo motociata enquanto as pessoas estavam morrendo. Bolsonaro sempre falando contra a vacina. Então, não posso dizer que este país está maravilhoso. Eu não sou um político, mas sou um cidadão brasileiro.

Casagrande lembrou que, desde os 18 anos de idade, no ambiente da Democracia Corinthiana, ao lado do Doutor Sócrates, aprendeu que devia falar coisas importantes para a população. Segundo ele, por sua exposição e influência, o atleta precisa oferecer bons exemplos de consciência e cidadania.

– Não deixo passar batidas as coisas relevantes para a sociedade. Jogador fala de carro, festa e iate. E os caras, o povo, passando fome. Esse torcedor, do morro do Rio de Janeiro ou da periferia de São Paulo, sobrevive hoje com muita dificuldade. Tem criancinha de 4 anos tomando bala perdida no caminho da escola. Esse cidadão não está andando de Ferrari, com o jogador de futebol. Então, ele já não se sente pertencente a esse mundo.

Casagrande aproveitou para reiterar suas ácidas críticas ao governo Bolsonaro. Lembrou suas raízes no PT e antecipou seu voto em Lula.

– Bolsonaro é pior presidente que o Brasil já teve. É um dos piores brasileiros que vivem neste planeta. Racismo, homofobia, machismo, tudo isso tem o aval dele. Ele vive atacando mulher, especialmente jornalista. Ele e os filhos não têm educação. Por isso, tanto preconceito. Bolsonaro é mentiroso, perverso e covarde. São fatos. Sempre votei no PT. Comparar Bolsonaro com Lula chegar a ser covardia. Lula é muito mais preparado. O Lula não está preso, tem seus direitos políticos, então não vou votar em outro. Lula vai é o máximo. Vai ser o presidente o país de novo.

(Texto originalmente publicado em CONSTRUIR RESISTÊNCIA)

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