Os apoiadores da campanha de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na eleição para a presidência do Senado, em fevereiro de 2021, receberam ao menos R$ 2,3 bilhões em emendas do orçamento secreto ao longo do ano passado, segundo levantamento feito pelo Estadão. A distribuição de verbas ocorreu após a confirmação da vitória do senador, que contou com o aval do Palácio do Planalto.
Dos 57 senadores que apoiaram Pacheco na disputa contra Simone Tebet (MDB-MS), 38 informaram ao Supremo Tribunal Federal (STF), por determinação da Corte, ter recebido recursos públicos. De acordo com as informações, a média das emendas distribuídas aos aliados do atual presidente da Casa foi de R$ 92 milhões, volume bem maior do que o entregue a três dos 21 parlamentares que votaram em Simone e receberam, em média, R$ 43 milhões cada.
O relator-geral do Orçamento de 2021, Marcio Bittar (União Brasil-AC), por exemplo, carimbou sozinho R$ 460 milhões, enquanto Marcos do Val (Podemos-ES), Plínio Valério (PSDB-AM) e Nelsinho Trad (PSD-MS) tiveram R$ 50 milhões para indicar, no ano passado.
Embora a votação seja secreta, foi possível identificar os apoiadores de Pacheco e Simone por meio de manifestações dos senadores à época. Em entrevista ao Estadão, Marcos do Val disse que recebeu R$ 50 milhões em emendas do orçamento secreto como forma de “gratidão” por ter apoiado a eleição de Pacheco. Após a publicação da reportagem, Do Val afirmou ter sido “mal interpretado” e pediu desculpas, negando que tenha trocado o apoio pela verba.
Os recursos liberados para Do Val foram destinados por ele para municípios do Espírito Santo. De acordo com o próprio senador, foi o ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), coordenador da campanha de Pacheco, quem lhe avisou do valor e do motivo da liberação. Procurado, o presidente do Senado disse desconhecer o assunto e Alcolumbre não quis se manifestar.
Para identificar as cifras destinadas aos senadores que apoiaram um e outro candidato na disputa em 2021, o Estadão considerou as indicações de emendas encaminhadas pelos próprios parlamentares ao STF. Esses números ainda podem ser maiores porque, apesar da determinação da Corte, nem todos informaram os valores recebidos em emendas do orçamento secreto.
Ainda segundo a publicação, além da disputa no senado, a distribuição dos recursos também foi usada na eleição que deu vitória a Arthur Lira (Progressistas-AL) para a presidência da Câmara. Após Pacheco vencer o embate, as verbas beneficiaram outros senadores, incluindo eleitores Simone, em proporção menor, conforme acordos firmados posteriormente com o governo, nos bastidores.
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