Ministros do TSE e do STF estão convencidos de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem um plano para tumultuar e até impedir as eleições de outubro. Sob o argumento de que é preciso promover uma contagem de votos paralela à do TSE, Bolsonaro atiça as Forças Armadas, em uma estratégia “kamikaze”, palavra da moda, que pode resultar em perda de apoio no próprio Centrão.
Mas enquanto dirigentes do PL divergem de Bolsonaro e admitem, nos bastidores, que ele tem feito tudo para perder a disputa, a cinco meses e meio de deixar o cargo, o vice-presidente Hamilton Mourão assume o discurso de defesa. Mourão diz não ver escalada de violência na arena política e chegou a atribuir o assassinato de um militante do PT por um apoiador de Bolsonaro a um “incidente policial”.
A maioria dos magistrados tem certeza de que o presidente tentará uma ruptura institucional. “Tem magistrado com medo da própria sombra”, disse Mourão. “O processo eleitoral vai ter paixões exacerbadas, mas será realizado normalmente. E o vencedor que leve as batatas”.
Candidato a uma vaga ao Senado pelo Rio Grande do Sul, Mourão precisa do apoio do presidente em um Estado onde o bolsonarismo é forte. A reaproximação, porém, não o faz tentar convencer o homem com quem viveu às turras a ficar longe dos atos de rua do 7 de Setembro, às vésperas das eleições, diz o Estadão.
“O 7 de Setembro terá um discurso aqui e ali, recheado com desfile militar, mas no dia seguinte a quitanda vai abrir com berinjelas para vender e troco no caixa para atender o freguês”, afirmou Mourão.