A viúva de Bruno Pereira, a antropóloga Beatriz Matos, quer que o presidente Jair Bolsonaro (PL), o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) e o presidente da Funai, Marcelo Xavier se retratem pelas “declarações ridículas” sobre o caso.
O indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram assassinados no Vale do Javari, no Amazonas.
Beatriz participou, nesta quinta-feira (14), de uma audiência pública na comissão temporária criada pelo Senado para acompanhar as investigações.
“Gostaria que o presidente do Brasil, o vice-presidente do Brasil e o presidente da Funai se retratassem em razão das declarações ridículas que fizeram”, disse. “O presidente da Funai falou em ilegalidade da presença deles ali. O presidente da República falou coisas que eu me recuso a repetir aqui. Isso não é uma questão menor. É uma questão muito séria.”
Ela lamentou não ter recebido qualquer condolência do governo brasileiro e criticou a falta de auxílio do presidente da Funai.
A comissão ouviu também o líder indígena Jader Marubo, ex-coordenador da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari, a Univaja. Tanto Beatriz quanto Marubo destacaram o processo de desmonte das estruturas de fiscalização na região amazônica.
“Em campanha mesmo o presidente Bolsonaro falou que iria ceifar a Funai. Hoje, entendemos o que é ceifar a Funai. Eles desestruturou a instituição. Se houvesse uma Funai forte, uma Funai atuante, uma Funai que fizesse o trabalho para o qual ela foi criada, hoje o Bruno estaria vivo”, declarou o líder indígena. “Tudo indica que pode acontecer isso [mortes] de novo, se nada for feito.”