“Era tipo um cárcere privado”. Essa é a declaração de mais uma vítima do capitalismo no Brasil. Luva de Pedreiro, um jovem que fez um campinho de terra se transformar em um cenário de esporte e humor, quase teve seus sonhos destruídos após um “desentendimento” com seu primeiro empresário, Allan Jesus.
A história que chocou o país mostra as entranhas de uma realidade comum na vida dos brasileiros: uma família simples, que cresceu na pobreza, que não teve muitas oportunidades, se torna um alvo fácil para predadores sociais, que tentam tirar vantagem das pessoas para benefício próprio, geralmente lucrando em cima do prejuízo alheio.
Ao achar no futebol e nos vídeos um caminho para ganhar dinheiro, o influencer se tornou vítima de um empresário aparentemente inescrupuloso. O contrato com Allan Jesus é um exemplo típico. Uma benção que se torna rapidamente uma maldição, capaz de passar por cima de valores insubstituíveis, como o da própria liberdade.
A quebra do acordo resultou em multa de R$ 5,2 milhões. E essa não foi a única frustração. Seu Vadinho, como é conhecido o pai Iran Ferreira, o Luva, chegou a chorar, em rede nacional, após relatar ameaças de quem também se colocou como vítima.
“Quando a gente falava que ia sair, ele (Allan Jesus) dizia que não tinha como sair porque nós não tínhamos dinheiro pra pagar. O que eu sinto mais é isso, a enganação que ele fez. Me senti muito enganado”, desabafou.
Foi feita ainda uma armadilha jurídica para prender Luva de Pedreiro ao empresário, que tentou censurar notícias sobre o caso alegando intimidações contra ele: “vazaram os meus dados pessoais. Eu precisei pedir ajuda, precisei pedir socorro”.
O fato, no entanto, é que existem aproveitadores dispostos a explorar pessoas sem conhecimento que possuem alto potencial de ganhos. Até mesmo grandes nomes do futebol já passaram por isso. Mas até que ponto são explorados pela fama? Fama que imaginam explorar.
A partir de 1993, com o início da Lei Pelé, as carreiras no futebol passaram por uma transformação total. Até aquele momento, os próprios atletas ou familiares cuidavam das negociações. Como a maioria tinha pouco estudo e conhecimento de leis, não era raro serem enganados. A figura do empresário, então, ficou cada vez mais importante na gestão de carreira de futebolistas.
Mas de quem é a culpa? Do dinheiro? Da ambição? Ou do resultado de um contrato assinado por quem nem sabia ler? A culpa nunca é da vítima. E o final feliz? Fica para depois! O embate de Iran e Allan vai continuar na Justiça. No próximo dia 26, haverá uma audiência de conciliação entre as partes.
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