Eis um motivo pelo qual eu não gosto de me relacionar com homens muito bonitos: em geral, eles falam muita m*rda. Calados, são poetas. (Com exceção de Rodrigo Hilbert, antes que alguém me jogue uma pedra).
Foi o caso de Caio Castro, que se envolveu na maior polêmica da semana ao declarar em um podcast que “se incomoda muito com a parceira que não se oferece para rachar a conta”, porque “não é pai de ninguém.”
“Me incomoda muito essa questão de ter que sustentar”, disse o ator, que, depois de virar chacota na internet, declarou, com um textinho muito arrogante no Instagram, ter sido “mal compreendido”, porque é incapaz de admitir um erro, como a maioria dos homens bonitos que eu conheço (a belezofobia já começou por aqui).
Imagina você sair com um gato como Caio Castro e descobrir que ele é um baita mão de vaca, além de presunçoso?
Prefiro evitar a fadiga.
Para muitos homens – mesmo os não tão bonitos quanto Caio Castro – pagar um jantar é “ter que sustentar”. Eles seguem a mesma lógica dos pais que pagam duzentos reais de pensão alimentícia para os filhos e bradam aos quatro ventos que “sustentam a ex.”
Faça-me uma garapa.
Eu, particularmente, faço questão de dividir, só pra garantir que nenhum Caio Castro da vida diga por aí que me sustenta – porque isso é muito mais comum do que se pode imaginar, e porque se um cara disser uma coisa dessas, eu faço um pix com o dobro do valor pro muquirana.
Mas se um homem me convida pra jantar e paga a conta, é lógico que ele não está me sustentando, porque eu sou muito mais cara do que a porcaria de um jantar.
Então, antes de dizer que sustenta uma mulher, pague a academia dela, o plano de saúde, o dentista, a conta do salão de beleza (para as que gostam), a mensalidade da pós graduação e a conta do mercado, que, graças a Bolsonaro, está pela hora da morte.
Só homens mesquinhos reduzem uma mulher ao valor de uma entrada + prato principal. Homem de verdade sabe que somos muito mais.
E o pior é que esses caras que reclamam por pagarem uma p*rra de jantar são, não raramente, os mesmos que se aproveitam de mulheres que moram sozinhas para se manterem confortavelmente enfurnados em suas casas nos finais de semana sem gastarem nada, sem cuidarem de nada, pra depois dizerem: “você não é feminista? então vamos rachar”
A gentileza de pagar um jantar para a mulher que você convidou pra sair não tem nada a ver com feminismo – mesmo porque, nos ditames da boa educação, quem convida paga.
É compreensível, no entanto, que um homem questione a obrigação de sempre pagar a conta.
Porque não, não é do homem a tarefa de arcar sempre com todas as despesas de lazer do casal, mas, quando se tem uma parceria firme e bem resolvida, isso não é sequer uma pauta: paga quem tem o dinheiro na hora.
O que não compreendo é como um cara pode comparar pagar um jantar como “ter obrigação de bancar uma mulher” ou “ser pai” dessa mulher, quando, na verdade, há um abismo entre ambos.
Quando você é bem resolvido – e não um moleque mão de vaca – você não diz em um podcast que se sente pai da sua parceira porque pagou um jantar, sabe?
Pagar um jantar não é bancar uma mulher. Bancar uma mulher é ouvir como foi o dia dela, é saber seus gostos para lhe fazer boas surpresas, respeitar seus momentos, apoiar seus projetos, conhecer sua família, compreender seus ciclos com sensibilidade, ser um parceiro, enfim. Não é pra qualquer um: não basta ter a carteira cheia, é preciso maturidade e a boa e velha noção, que Caio Castro não tem.
Bancar uma mulher vai muito além de dinheiro.
Para bancar uma mulher, é necessário ser um homem – talvez por isso, Caio Castro jamais bancaria.