Estadão descobre que Bolsonaro não é liberal, mas “oportunista reacionário”

Biruta de aeroporto, arrependido do apoio em 2018, jornal da família Mesquita ensina como ser um conservador de verdade

Atualizado em 31 de julho de 2022 às 14:37
Jair Bolsonaro olhando para o lado e rindo, vestindo casaco preto
Jair Bolsonaro (PL) – Reprodução/Instagram

Em editorial neste domingo (31), o Estadão utilizou um discurso feito por Liz Cheney, deputada do partido Republicano dos Estados Unidos, para constatar algo que sempre soube, mas nunca admitiu: Bolsonaro não passa de um “oportunista reacionário com evidente inclinação para o autoritarismo”.

A norte-americana, que em junho do ano passado defendeu seu partido e os valores conservadores representados por ele, fez um alerta ao se referir ao ex-presidente Donald Trump.

“Neste momento, estamos enfrentando uma ameaça interna como jamais tivemos em nossa história. Essa ameaça é um ex-presidente que está tentando destruir os fundamentos de nossa República Constitucional. Nenhum partido, nenhuma nação consegue defender uma República Constitucional se aceitar um líder que decidiu deflagrar uma guerra contra o império da lei, contra o processo democrático e contra a transição pacífica de poder”, pontuou a deputada, que integra o grupo de opositores a a Trump no partido.

O Estadão descobre agora que o mesmo chamamento deve sustentar os “cidadãos de bem” que acreditaram no jornal e sustentaram Bolsonaro em 2018.

Lembrou que o sujeito enaltece a truculência antidemocrática e não esconde seu amor à ditadura. Bolsonaro, segundo o jornal do bairro do Limão, chegou ao poder com um discurso conservador, aceito por conservadores genuínos que compraram essa ideia para impedir que o PT se elegesse novamente.

“Todavia, se houve quem comprasse de boa-fé a falácia de Bolsonaro em 2018, agora, ao final de seu mandato, já não há mais qualquer dúvida de que o presidente não é liberal nem, muito menos, conservador. Bolsonaro é apenas um oportunista reacionário com evidente inclinação para o autoritarismo”, escreveu o editorialista.

O jornal destacou que, a fim de evitar que os verdadeiros conservadores caiam novamente na armadilha que o agora incumbente tenta rearmar, é preciso relembrar quais são, de fato, as ideias e os valores que o conservadorismo encerra e por que alguém como Bolsonaro é a sua perfeita negação.

“Ser conservador é rejeitar as transformações radicais do Estado e da sociedade, preservando as tradições construídas pela sociedade ao longo do tempo e repelindo as rupturas. Em outras palavras: ser conservador é curvar-se ao império das leis e ao Estado Democrático de Direito, é defender a estabilidade e a independência de instituições democráticas, é rejeitar governantes que incentivam a cizânia e a violência. Ora, isso é tudo o que Jair Bolsonaro, definitivamente, não representa. A desordem que ele instila vai na direção contrária do conservadorismo. Bolsonaro personifica o caos”, continuou o artigo.

O Estadão seguiu afirmando que é preciso que os conservadores brasileiros rejeitem o bolsonarismo como representante de seus valores e se desvinculem do candidato à reeleição, que faz o oposto do que prega.

“Nos Estados Unidos, a deputada Liz Cheney teve coragem de liderar a luta para resgatar o Partido Republicano das garras de Trump. Aqui não temos um partido conservador nos moldes do Republicano, mas certamente há um conservadorismo a ser defendido da razia bolsonarista. Se os conservadores de verdade não querem ser confundidos com Bolsonaro e seu conservadorismo de fancaria, é hora de se manifestarem”, finaliza o editorial.

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