Publicado no Migalhas
Em 2019, João Riél Manoel Hubner Nunes Vieira Telles de Oliveira Brito, de 31 anos, se encontrou com o vice-presidente da República Hamilton Mourão apresentando-se como “desembargador do TJ/RS”. Até aí, tudo normal. Acontece que o jovem nunca foi advogado, muito menos desembargador, segundo investigação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul noticiada pelo G1 e revelada por uma “thread” do Twitter.
De acordo com o portal, Riél é investigado em mais de 10 inquéritos por fraude e plágio.
Em seu site pessoal, o jovem, apesar da pouca idade, diz que cursou pós-doutorado em Direito na Itália, além de mestrado e doutorado em Lisboa. Também alega ser autor de mais de 30 obras próprias e coautor em mais de 200 antologias. Por fim, define-se como membro vitalício de várias Academias de Letras, institutos e associações afins.
No site, ainda diz que foi juiz leigo e conciliador no TJ/RS e na Justiça Federal do RS; juiz mediador e arbitral, pelo Tribunal de Mediação do RJ, membro do Conselho Regional dos Previdenciaristas do RS, pesquisador e “historiador nato”, palestrante e conferencista.
Desde 2018, porém, ele é investigado pela polícia por fraude e plágio. Ele teria entrado com pelo menos uma dezena de ações na comarca de Arroio do Tigre/RS, município de pouco mais de 13 mil habitantes, sem ter registro como advogado e constando na OAB apenas como estagiário, em inscrição já expirada.
As investigações apontam que ele usava o número suspenso da OAB de uma advogada que se tornou juíza para assinar as ações.
Em consulta ao CNA – Cadastro Nacional dos Advogados do Brasil, o gaúcho aparece como estagiário e com a inscrição cancelada.
Segundo a apuração policial, João Riél teria usado plágio em seu trabalho de conclusão de curso e em obras que disse ter escrito.
Nos últimos anos, o “desembargador fake” se reuniu, além de Mourão, com diversos ministros do STF, políticos, reitores de universidades e até o presidente Bolsonaro.