A parada de Copacabana vai dando encrenca para Bolsonaro. Por Fernando Brito

Atualizado em 6 de agosto de 2022 às 10:24
Manifestação de bolsonaristas na avenida Paulista, em São Paulo, no Dia da Independência, em 2021
Foto: VINCENT BOSSON/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Por Fernando Brito

Vejam que deprimente a posição em que estão sendo colocadas as Forças Armadas por Jair Bolsonaro: ele anuncia, sem falar com ninguém, que vai levar a parada de 7 de Setembro no Rio de Janeiro para junto de seus adeptos, na praia de Copacabana e o prefeito da cidade, até agora sem qualquer comunicação oficial, faz, como planejada, a licitação para a montagem das arquibancadas para o evento.

Eduardo Paes falou grosso: “Evento organizado aonde (sic) o exército solicitou e aonde sempre foi feito. Simples assim! Prefeito aqui não trabalha na birra nem na fofoca. Preferências políticas e administração são coisas distintas. E as posições políticas aqui sempre foram claras.”.

Não se descarte, porém, a possibilidade de que o prefeito volte atrás, se receber uma visita do comandante militar do Leste, cabeça da organização do desfile, tornando pública a solicitação Está evidente porém que, se o fizer, será exonerando-se da responsabilidades por incidentes derivados da inadequação do local, ainda mais misturando-se a uma manifestação político-eleitoral como planeja Bolsonaro.

No mesmo sentido vai a intimação da ministra Cármen Lúcia, do STF, determinando que Jair Bolsonaro explique, em cinco dias, a mudança do local do desfile e, em três, a Procuradoria Geral da República e a Advocacia Geral da União (convertida em advocacia de Bolsonaro) a e manifestarem sobre o tema é, sem dúvida, um catalisador do imbroglio criado pelo presidente.

Não há dúvidas de que é uma decisão administrativa, sujeita aos critérios de conveniência e oportunidade, já que não existem leis determinando o local de desfiles militares. Mas, neste caso, está evidente que a conveniência é a intenção de tornar politicamente promíscuo um ato oficial (o desfile militar) por uma oportunidade política (a proximidade das eleições). E, em ambos os casos, isso limita o poder de arbítrio do governante.

Não haverá uma comemoração da Independência, haverá um comício armado.

E, se Bolsonaro consumar seu delírio de fazê-lo na Praia da Copacabana, cartão postal do Brasil no mundo, estará propagando pelo planeta a imagem do seu golpismo.

(Texto originalmente publicado em TIJOLAÇO)

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