A principal conclusão do novo Datafolha é que o escândalo da Petrobras flopou.
Quer dizer: fracassou como algo capaz de mudar os rumos das eleições em favor de Aécio.
As entrevistas foram feitas no extremo calor das denúncias, e Aécio permaneceu num distante terceiro lugar, com 15% das intenções de voto.
Dilma, que deveria ser o candidato mais afetado pelo caso Petrobras, foi quem melhor se saiu neste Datafolha.
Manteve a dianteira no primeiro turno e, depois de estar atrás dez pontos de Marina no segundo, avançou agora rumo a um empate técnico.
O índice de aprovação de seu governo – aqueles que o consideram ótimo ou bom – se estabilizou em 36%, depois de baixar a 32% algumas semanas atrás.
Marina enfrenta uma situação um pouco mais delicada, agora.
Ela parou de crescer. Num determinado instante, era de tal monta seu avanço – combinado com quedas de Dilma — que alguns imaginaram que ela pudesse levar no primeiro turno.
A grande questão, agora, é se, deixando de ir para a frente, ela estaciona nos patamares atuais ou se dá ré.
É fato que arrefeceu a paixão dos eleitores por Marina. Os primeiros ventos, depois da morte de Campos, lhe eram todos favoráveis.
Agora há vento contra também. O mais forte destes surgiu depois que ela recuou na questão do casamento dos homossexuais sob pressão de Silas Malafaia.
O quadro atual é mais ou menos este: Aécio morreu como candidato, e sequer um milagre parece capaz de ressuscitá-lo.
Dilma reconquistou o ímpeto que parecera ter perdido com a irrupção da Marinamania.
Ela tem feito um uso de grande eficiência em seu tempo de propaganda gratuita.
O vídeo em que ela falou de corrupção foi particularmente feliz.
Você pode ser levado a achar que não existe corrupção caso a mídia e o governo se juntem para dar uma falsa impressão de pureza.
Basta não noticiar casos de corrupção em governos amigos. Ninguém deu, por exemplo, a compra de votos no Congresso para a reeleição de FHC.
Na ditadura militar, parecia que não existia corrupção no país, porque os jornais não noticiavam.
Pelo lado oposto, durante a era de Getúlio e nos dias de Jango, os jornais falavam incessantemente de um mar de lama – com escândalos muitas vezes simplesmente inventados.
A sociedade – até por conta da internet como fator de contrapeso à mídia tradicional – parece ter entendido que não raro o moralismo é o último refúgio dos canalhas.
Dilma foi muito bem em sua fala sobre corrupção. Jogou luz onde havia escuridão.
Quanto a Marina, vai ter que trabalhar em dobro para que o viés de queda no segundo não se transforme em algo definitivo.
Neste momento, sob as circunstâncias atuais, o favoritismo está com Dilma – num segundo turno que pode ser menos apertado do que parecia até alguns dias atrás.
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