Morre o Major Curió, ídolo de Bolsonaro, matador que combateu a guerrilha do Araguaia

Atualizado em 17 de agosto de 2022 às 13:19
Jair Bolsonaro e Major Curió em 2020 – Reprodução/Facebook do senador Chico Rodrigues

Um dos ídolos do presidente Jair Bolsonaro (PL), lembrado por ter comandado a repressão à Guerrilha do Araguaia (PA), o agente da reserva Sebastião Curió Rodrigues de Moura, conhecido como Major Curió, faleceu na madrugada desta quarta-feira (17), em um hospital particular de Brasília, aos 87 anos.

Após sua atuação, no final da década de 1960 e início da década de 1970, na Guerrilha do Araguaia, ele passou para a reserva como coronel e foi denunciado pelo Ministério Público Federal por tortura, homicídio e ocultação de cadáver, chegando a confessar participação em assassinatos.

Em março de 2020, oito procuradores da República, integrantes da força-tarefa Araguaia, protocolaram mais uma denúncia contra Curió.

“Sebastião Curió, no início do ano de 1974, no município de Brejo Grande do Araguaia, no Pará, no exercício ilegal das funções que desempenhava no Exército brasileiro, em contexto de ataque generalizado e sistemático — e com pleno conhecimento das circunstâncias deste ataque — contra opositores do regime ditatorial e população civil, matou, em concurso com outros membros das Forças Armadas ainda não totalmente identificados, Cilon da Cunha Brum e Antônio Teodoro de Castro”, diz o texto.

Apesar de ser estratégia comum dos militares atribuir o crime de tortura a apenas um momento da corporação, o documento da Comissão Nacional da Verdade (CNV) afirma que “a existência de agentes especializados em ‘interrogatório’ — comprovada nos relatórios militares — vai de encontro à tese de que os inúmeros episódios de tortura não passavam de excessos cometidos por agentes individuais”.

As contradições nos crimes de torturas são vastas e aparentemente fazem parte de um mesmo sistema que era justamente feito para tornar mais difíceis os acessos a esses arquivos. Em 2012, ele recebeu uma denúncia do MPF por ter promovido a privação permanente da liberdade, mediante sequestro, de cinco pessoas.

O Major tinha ainda ligações com a “Casa Azul”, um centro de prisão clandestino utilizado pelo Centro de Informações do Exército (CIE) como um Centro de Informações e Triagem (CIT). Segundo a CNV, acredita-se que morreram mais de 30 guerrilheiros no local em decorrência de tortura ou por execução. Os principais alvos eram militantes do PCdoB e moradores locais acusados de apoiar a guerrilha.

Encontro com Bolsonaro

Em 4 de maio de 2020, o presidente se reuniu com Curió no Palácio do Planalto. Na época, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) publicou uma foto do encontro entre o mandatário e o major, e definiu o momento como “histórico”, caracterizando o torturador como um “homem de honra” e “defensor dos garimpeiros”.

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