Nesse período da campanha em que o universo evangélico ganha protagonismo, Lula tem uma boa e uma mã notícia para administrar nesse segmento.
Primeiro a má: o contingente de evangélicos no país, eleitores tradicionalmente conservadores, portanto mais refretários a uma pauta progressista, é muito superior ao que mostram os números oficiais – coisa de 42,2 milhões de fieis.
A esse grupo é preciso somar os 15 milhões de “desigrejados”, evangélicos que não romperam com as confissões dogmáticas do Cristianismo, porém se desvincularam da forma institucional das igrejas – em geral, por desconfiar de promessas extravagantes, o fiel evangélico tem perfil bastante volátil.
Agora vamos para a boa notícia: ao contrário de 2018, quando todo mundo apoiou incondicionalmente a orientação de pastores para votar no capitão da reserva, agora a conjuntura mudou: indicadores internos mostram que pelo menos 35% dos frequentadores de cultos estão dispostos a votar em Lula para se livrarem do mal maior bolsonarista.
O que despertou a centelha crítica foi a Covid-19, quando fieis começaram a perder parentes por cederam aos pedidos antivacinação das igrejas.
“Sabia que os evangélicos estão entre os grupos que mais morreram na pandemia?”, pergunta, em entrevista por vídeo ao DCM, o reverendo Caio Fábio D’Araújo Filho, ex-pastor presbiteriano, fundador do Movimento “Caminho da Graça” e principal figura do evangelicalismo brasileiro.
Caio exerceu por mais de 30 anos o cargo de princial líder evangélico no país e converteu-se num mordaz crítico das igrejas assim que começaram a desvirtuar suas missões religiosas. “Essa avidez por benesses e interesses particulares é que faz com que a rotatividade seja enorme na igrejas”, diz Caio.
O ponto da virada da extrema direita para um ambiente menos tóxico e hipócrita na convivência entre os fieis aconteceu após 2018. “Ali, os pastores não precisaram usar o diabo contra Lula: tinham a Lava Jato para fazer o serviço sujo”, diz o reverendo. “Agora, não. Acabou a Lava Jato e a constatação de todos é de que a vida piorou, e muito, sem considerar os mortos”.
Segundo Caio Fabio, 90% dos pastores se mantêm seguidores de Bolsonaro. Há casos em que fieis estão sendo expulsos dos templos, xingados de comunistas, por declinarem voto no representante do PT.
Tanto apego de pastores se explica por dois motivos: primeiro porque o erro na aposta cega nas fakes news que inventaram na pandemia não tem justificativa na comunidade – “não dá para simplesmente chegar e dizer ‘olha, gente, erramos, pedimos desculpas, etc’”, diz Caio Fabio. “Milhares poderiam estar aqui, ao lado de seus familiares, se não tivessem seguido a orientação de não tomar a vacina”.
O segundo motivo desse apego cego ao bolsonarismo é dinheiro, em forma de isenção de impostos, benesses e até manejo do orçamento da República com prefeitos sendo informados dos nomes dos pastores responsáveis pela liberação de recursos federais para suas cidades.
Caio Fabio conheceu Bolsonaro em 1983.
“Exceto de esposa, não mudou nada”, diz. Torce para ele ir aos debates: “É muita gente arrependida com o governo, e o presidente quanto mais fala mais reforça esse sentimento”.
O reverendo usa um exemplo pessoal para justificar: em 2018, chegou a perder 300 mil seguidores no seu canal do Youtube por críticas que fazia ao capitão da reserva.
Aos poucos, segundo ele, os fieis foram voltando e agora, com quase um milhão se seguidores, tudo o que fala contra o mandatário não chega a fazer cócegas na audiência do canal.
Sobre a eleição, após se dizer otimista com relação ao público evangélico, Caio Fabio cita Ciro e Simone Tebet, já que acredita que o presidente já alcançou o teto.
“Os eleitores deles é que vão definir se teremos ou não segundo turno”, diz o reverendo. “Se uma pequena parte optar pelo voto útil o Brasil finalmente ficará livre desse ser cruel, amigo de milicianos e que usa o cristianimo da pior forma possível, manipulando, zombando das pessoas”.
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