Bolsonaro ganha púlpito virtual de pastores com 50 milhões de seguidores nas redes sociais

Atualizado em 21 de agosto de 2022 às 8:19
Jair Bolsonaro e a primeira-dama Michelle em culto evangélico na Igreja Batista da Lagoinha
Foto: REUTERS/Ricardo Moraes

Pastores com 50 milhões de seguidores no Facebook, Twitter e Instagram dão palanque virtual ao candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). Juntos, os dez maiores líderes religiosos apoiadores do presidente ecoam mensagens da luta do “bem” contra o “mal” e de uma “guerra”, em sintonia com o discurso do presidente.

Dos líderes religiosos, apenas três deles possuem 23,3 milhões de seguidores e fazem em vídeo convocação explícita para os atos de 7 de Setembro. Na gravação, um locutor repete os bordões bolsonaristas “Deus, pátria, família e liberdade” e “nossa bandeira jamais será vermelha”.

Um deles é Cláudio Duarte, com mais de 13,9 milhões de seguidores. Da Igreja Projeto Recomeçar, o líder se apresenta como “um pastor seriamente engraçado”. Entre sermões e esquetes de humor, usa as redes para publicar fotos com o presidente. “Eu sou eleitor de Bolsonaro, sou cabo eleitoral dele e sou intercessor dele”, afirmou, em vídeo. O outro é André Valadão, líder da Igreja Batista da Lagoinha, que possui 5,3 milhões de seguidores.

Procurados pela reportagem do Estadão, Valadão e Duarte não se manifestaram.

Outro dos três aliados é o pastor Silas Malafaia. Em janeiro, Malafaia afirmou, em defesa do presidente, que a vacinação de crianças contra a covid-19 era um “infanticídio”. Agora, em período eleitoral, usa o Twitter para promover candidatos do partido de Bolsonaro “pelo bem do Brasil”. Nas três plataformas, o pastor soma 8,3 milhões de seguidores.

Segundo colocado nas pesquisas, o presidente pretende mostrar força no Bicentenário da Independência, após pôr em xeque, sem provas, a lisura das urnas eletrônicas. A Polícia Federal nunca encontrou indícios de fraudes nos equipamentos, diferentemente dos tempos do voto em papel.

Em período eleitoral, o apoio de pastores é valioso. A missão, segundo eles, é “salvar” o País. “Eu te convido, com as suas mãos erguidas, a orar. Nós temos nesta tela a Bandeira do Brasil, 2022 é um ano de guerra. Nós estamos em guerra. É uma batalha ideológica, de filosofias, é uma batalha cultural”, disse o pastor André Valadão, da Igreja Batista Lagoinha, em janeiro, em um prenúncio do que seria 2022.

A pregação foi publicada no Instagram, rede na qual o líder tem 5,3 milhões de seguidores. Foi em um culto com Valadão que a primeira-dama Michelle Bolsonaro afirmou que o Planalto era “consagrado a demônios”. Com a estratégia de levar mensagens do altar para as redes, pastores reverberam, assim, o bolsonarismo.

Para o cientista político e diretor do Observatório Evangélico Vinicius do Valle, a atuação nas redes é um ativo eleitoral complementar aos cultos. “Sempre que um líder religioso está se posicionando, apoiando um candidato, ele sabe que seu prestígio que vem de uma esfera (religiosa) se transfere para outra (a política)”, afirmou.

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