O colunista Janio de Freitas, na Folha de S.Paulo, defendeu a operação da Polícia Federal autorizada por Alexandre de Moraes contra os empresários que pregavam a ruptura democrática em caso de vitória de Lula nas eleições deste ano. Leia trechos:
Entre ricos empresários brasileiros, é comum uma capacidade muito especial, algo como um poder magnético, que se ativa com presteza automática sempre que seu portador que se vê em encrenca ou desejoso de novas benesses.(…)
A busca policial nas casas de oito integrantes do grupo Empresários & Política desencadeou uma chuva de urgências de desagrado, de início meio encabuladas, em sites, blogs, jornais, TVs e rádios.(…)
“Moraes assumiu um risco alto”, “operação controversa da PF”, “simples conversa sobre golpe não é crime”, “só falas sobre golpes não indicam crimes” —as formas variaram, não a preocupação com a pureza judicial ferida pelo excesso (como dizem os militares) de um ministro do Supremo.
Há mais de dez anos as buscas e apreensões policiais se tornaram comuns. Não por distração, os queixosos de hoje nunca se incomodaram com possíveis nem com óbvias ilegalidades em muitas dessas ações. Até passaram a atrações divertidas em TVs e jornais. (…)
Lamentar que o golpe não tenha ocorrido ainda, considerar que o golpe é mil vezes preferível a um governo Lula e discutir a compra de votos de trabalhadores para Bolsonaro, constituem indícios claros de apoio ao golpe, no mínimo, e de provável parte em conspiração.(…)
“Só falas” podem justificar, sim, investigações. E mais do que isso. Nesse sentido, um exemplo notório é o recente caso de Daniel Silveira. (…)
As buscas e apreensões nas casas dos oito empresários, e esperamos que de mais, cabem no reconhecimento como a necessária coleta inicial para a investigação de fato grave. O atual não inclui abusos e trapaças de Moros e Dallagnols. E revela as bordas enrustidas do bolsonarismo.