Cercaram Dilma e agora cercam Alexandre de Moraes. Por Moisés Mendes

Atualizado em 28 de agosto de 2022 às 8:56
Alexandre de Moraes, ministro do STF
Foto: Carlos Moura/SCO/STF

 

Os jornalistas que bateram em Dilma até derrubá-la e que massacraram Lula, até mandá-lo para o cárcere da Lava-Jato em Curitiba, são os mesmos que batem agora em Alexandre de Moraes.

Há uma articulação da tropa de choque das corporações dos jornalões para, em nome da liberdade de expressão dos tios milionários golpistas do zap, desqualificar as ações contra o golpe conduzidas pelo ministro.

Não é apenas um jogral de gente que todo mundo conhece e canta a mesma rima. É a gritaria de uma facção organizada para que Moraes entregue aos golpistas tudo o que apurou até aqui.

Querem as provas. Mas a Gangue do Golpe nunca pediu provas a Deltan Dallagnol e a Sergio Moro, quando do cerco a Lula.

Nunca cobraram provas robustas (expressão cara ao lavajatismo) que pudessem explicar a perseguição a Dilma por causa das alegadas pedaladas.

Mas provas são requeridas agora para que os golpistas se sintam seguros de que não há provas tão ameaçadoras contra eles.

Há na articulação um cinismo que o jornalismo brasileiro da grande imprensa reabilita de forma intermitente, porque é da índole dessa turma.

Em meio a apelos retóricos pela democracia, pelo respeito à eleição e à Constituição, a facção faz o que precisa ser feito para defender a direita e, agora, a extrema direita.

São jornalistas que, num aparente paradoxo, estão dentro de organizações inimigas de Bolsonaro.

Mas que, à margem dos comandos ou sob sua orientação, fazem o jogo duplo de defensores das instituições e ao mesmo tempo de cavadores de trincheiras para extremistas. Porque o golpe é uma possibilidade a ser considerada.

O grande temor de todos eles, pelas reações de Bolsonaro e de empresários visados por Moraes, é o desfecho das investigações das fake news.

Não só porque chegará aos filhos de Bolsonaro, em especial a Carluxo, como o próprio pai já admitiu, mas aos financiadores das milícias digitais.

Todos eles escaparam da Justiça quando do julgamento dos processos contra a chapa Bolsonaro-Mourão no TSE no ano passado. Mas todos ficaram dependurados nas investigações que seguem.

É no inquérito das fake news, que corre junto com as investigações sobre os atos pró-golpe, que estaria o grande pavor dos golpistas.

Os jornalistas da facção libertária, que se voltam contra Moraes, devem saber coisas que Moraes já está sabendo.

Jornalistas “com fonte”, como se dizia antigamente, conversam com poderosos e endinheirados com temas e métodos nem sempre republicanos, porque assim é a lei da selva. Foi assim na Lava-Jato.

As reações às medidas de Moraes, com os ataques vindos de Bolsonaro e dos empresários, expõem temores com relação à estrutura e à operação das milícias e seu financiamento.

Quando as reações partem de jornalistas, o temor é outro. Todos circulam por pântanos imensos e imundos.

Jornalistas que transitam nesses terrenos movediços muitas vezes estão de mãos dadas com as criaturas que os habitam.

Esse pode ser o medo de muita gente. Que as conexões, reveladas por telefonemas e mensagens de Whats, alcancem nomes de interlocutores dos tios golpistas do lado de fora dos grupos de zap.