Fernando Sabag Montiel, preso após tentar atirar com uma arma na vice-presidente Cristina Kirchner, recusou-se a depor em tribunal sobre a tentativa de assassinato.
A juíza María Eugenia Capuchetti e o promotor Carlos Rívolo buscam determinar se Sabag Montiel agiu sozinho ou se faz parte de uma conspiração. Os investigadores analisam câmeras de segurança para reconstruir o trajeto feito pelo detento, seu celular e seus artefatos eletrônicos.
Os laudos periciais realizados sobre a arma determinaram que ela funcionava corretamente e havia sido disparada recentemente, como se o suspeito tivesse realizado alguns testes ou praticado antes de tentar cometer o assassinato.
Sabag Montiel testemunhou depois de passar por três exames psicológicos. Os estudos determinaram que ele tem uma estrutura de personalidade manipuladora e com expressões que às vezes parecem delirantes, mas que são imediatamente referidas com coisas e ações concretas.
Ele disse à polícia que foi agredido por “aqueles negros” que o espancaram quando o impediram de fugir. Não fez nenhuma manifestação política em sua declaração e quando o depoimento avançou para o momento em que ele sacou a arma na frente de Cristina Kirchner, afirmou que falaria mais tarde, quando pudesse ver todas as provas.
Sabag Montiel é acusado do crime de tentativa de homicídio e pode pegar uma pena de 23 anos de prisão.
Os investigadores explicaram que, além da arma Bersa calibre .32, foram encontradas em sua casa duas caixas de 50 balas Magnatech, cada uma do mesmo calibre. A princípio, a polícia havia informado que eram calibre 9 milímetros.
A polícia apreendeu nessa operação na casa do detido um celular Samsung modelo A 13, do detido. Entre os laudos periciais que estão sendo realizados estão a análise das câmeras de segurança do ocorrido nas proximidades da casa do vice-presidente para reconstruir o trajeto do suspeito por meio de imagens até chegar à Recoleta.
Busca-se apurar se ele estava em transporte público, ou em veículo, sozinho ou acompanhado em busca de pistas para apurar se agiu com um cúmplice ou se faz parte de uma conspiração maior.
Cristina Kirchner disse aos investigadores que não havia percebido que alguém tentou atirar nela, e que só percebeu depois quando entrou em sua casa. Nas imagens, ela é vista, bem no momento do tiro fracassado, se abaixando para pegar um livro que havia caído no asfalto e depois levantou a cabeça.
Policiais que faziam a segurança de Cristina Kirchner também estão sob investigação, embora por enquanto o único acusado seja o brasileiro Sabag Montiel.
“Tenho muito medo porque nos culpam por algo que não fizemos, dizem que somos um grupo terrorista e não temos nada a ver com isso”, declarou a namorada dele, Ámbar, à Telefe Noticias. “Eu não achava que ele fosse capaz de fazer algo assim. Fiquei chocada”.
De acordo com seu relato, Montiel, que tem vários símbolos nazistas tatuados e acompanhava inúmeros grupos de ódio nas redes sociais, “é um homem bom” e um “trabalhador”. “Ele é uma pessoa legal que faz piadas, carinhoso, não imaginávamos que pudesse fazer isso”, comentou.