Por Moisés Mendes
Bolsonaro tira complexidade de que tudo o que diz e faz, para que seus atos tenham, pelo público que o idolatra, a interpretação mais direta, singela e óbvia possível.
Não há meios tons nas falas dos fascistas e por isso eles prosperam no mundo todo. Mas quando ele diz que é imbrochável, o que está transmitindo é mais do que uma frase retórica de quem se apresenta como modelo de macho.
Também é muito mais do que, na leitura de quem entende das carências de héteros fragilizados, a insegurança diante da ameaça ou da convivência com a impotência.
Ao repetir cinco vezes que é imbrochável, no ato do 7 de Setembro em Brasília, Bolsonaro estava pedindo socorro, mas não como o homem ameaçado pelo fracasso na cama.
O que Bolsonaro teme perder é a sua virilidade política. Foi o cara acossado pela realidade das pesquisas e pela incapacidade de reagir que discursou e pediu um coro para o seu slogan de imbrochável.
A masculinidade em questão é a mais ampla possível e está muito além dos limites dos seus dramas e déficits sexuais.
Bolsonaro é um homem atormentando pela sua impotência como fascista que pode ser corrido do poder pelo voto que vai eleger Lula.
Seus recursos como protagonista da política, conquistados em 2018, estão se esgotando. Bolsonaro vai brochar em outubro e precisa desconstruir o jogo que permitiu, por linhas tortas, sua eleição.
É muito mais do que o medo da impotência sexual, que ainda inspira a percepção média de psicanalistas e profissionais da área. A cabeça de Bolsonaro está conectada ao seu pênis político, e esse está avariado.
O imbrochável dessa quarta-feira pediu um jogral ao seu povo, para que pudesse compartilhar seu horror. Gritem junto comigo que eu vou conseguir.
Mas Bolsonaro olhava para os lados e não achava ninguém com algum poder para ajudá-lo na sua reação. Nem Arthur Lira foi gritar que ele é imbrochável. Muito menos Rodrigo Pacheco.
Quem estava ao seu lado era Luciano Hang, o véio da Havan, que tem tanto poder político quanto um dos outros sete tios do zap investigados por Alexandre de Moraes.
As causas da impotência de Bolsonaro passam pelas ausências que abalam sua autoestima e por essas presenças solidárias que o comovem, mas pouco acrescentam.
E quanto mais ele pedir ajuda aos gritos, mais vai fracassar. O 7 de Setembro reafirmou que Bolsonaro é brochável e sem perspectiva de cura.