Nesta quinta-feira (8), com a morte da rainha Elizabeth II, o príncipe de Gales, Charles Philip Arthur George, se tornará o rei do Reino Unido. Após longos anos vivendo como príncipe herdeiro, ele assumirá o trono britânico aos 73 anos, tornando seu reinado um período transitório entre o de sua mãe, venerada pela dedicação ao serviço público, e o do filho William, visto como a modernização da realeza.
“Mas talvez não seja tão transitório assim. Charles herdou os genes da mãe e do pai e pode muito bem reinar por 20 anos”, afirmou Annette Mayer, especialista em monarquia britânica da Universidade de Oxford.
A grande jornada como príncipe herdeiro, maior que de a qualquer outro presente na história do Reino Unido, despertou em Charles um sentimento de “cedência” e até “autoironia”. Comumente é dito pelo ex-príncipe, de forma humorada, que “ser herdeiro do trono não é uma profissão. É uma enrascada”.
Desde que Charles nasceu, em 1948, precisou encontrar logo cedo uma forma de conviver com essa “enrascada”. Nunca existiu uma maneira única pela qual o herdeiro do trono britânico devesse se comportar, e ele ainda teve que lidar com o fato de ser o primeiro príncipe das mídias televisivas.
O príncipe tomou como características próprias sua formalidade ao extremo, ocasionalmente desengonçado e com uma personalidade que se tornou sinônimo de falta de carisma.
Na trajetória de sua vida, seus próprios passos foram seguidos em sua juventude, durante a carreira militar, e sobretudo em sua atribulada vida amorosa, que contou com o desastroso casamento com a princesa Diana e a sua união com Camilla Parker, que se tornará a rainha consorte. Mesmo em meio de polêmicas, estão juntos desde 2005.
O que mais contribuiu para que a imagem de homem insensível, e até cruel, fosse atribuída ao príncipe, foi seu divórcio de Diana. O ápice foi em uma famosa entrevista dada por ela em 1995 à BBC, em que sutilmente sugeriu que Charles não teria condições psicológicas de ser rei e deveria passar o bastão direto para William.