Rainha Elizabeth II e Londres são assuntos. AO VIVO. Kiko Nogueira faz o giro de notícias. Entrevista com a advogada Sara Vivacqua, direto de Londres. Moderação: Pedro Zambarda. Veja o DCMTV.
De Kiko Nogueira:
“A cobertura da imprensa brasileira da morte da rainha Elizabeth é um case de complexo de vira-latas.
Capa de todos os sites, análises alucinadas (Míriam Leitão se debruçou sobre ‘Os muitos desafios do Rei Charles III, em meio à crise econômica’), e uma estranha adoração por uma senhora rica e que nunca trabalhou na vida, chefe de um bando de mimados cruéis e, eventualmente, pervertidos.
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Em 2011, o jornalista e escritor britânico Christopher Hitchens falou dessa gente esquisita:
Um monarca hereditário, observou Thomas Paine, é uma proposição tão absurda quanto um médico ou matemático hereditário. Mas tente apontar isso quando todos estão aparentemente molhados de entusiasmo com o bolo e os vestidos da futura mãe do absurdo constitucional. Você não parece estar expressando o bom senso.
Você parece um velho ranheta. Suponho que essa deve ser a “mágica” monárquica de que tanto ouvimos: por alguma alquimia mística, os imperativos de criação de uma dinastia tornam-se material de romance, até mesmo de “conto de fadas”. (…)
A monarquia britânica não depende inteiramente do glamour, como o longo e longo reinado da rainha Elizabeth II continua a demonstrar. Sua inabalável obediência e confiabilidade conferiram algo além de charme à instituição, associando-a ao estoicismo e a uma certa integridade.
O republicanismo é infinitamente mais difundido do que quando ela foi coroada, mas é muito raro ouvir a própria Soberana sendo criticada.
Não tenho certeza se ela merece essa imunidade. A rainha tomou duas decisões importantes bem cedo em seu reinado, nenhuma das quais foi imposta a ela. Ela se recusou a permitir que sua irmã mais nova, Margaret, se casasse com o homem que amava e escolhera, e deixou que seu marido autoritário se encarregasse da educação de seu filho mais velho.
A primeira decisão foi tomada para apaziguar os líderes mais conservadores da Igreja da Inglaterra (uma igreja da qual ela é, absurdamente, a chefe), que não pôde aprovar o casamento de Margaret com um homem divorciado. O segundo foi tomado por razões menos claras.
O resultado foi igualmente desastroso em ambos os casos: a princesa Margaret mais tarde se casou e se divorciou de um homem que ela não amava e depois teve anos para desperdiçar como modelo de socialite ociosa, sempre com um cigarros e um drinque de gim, fofocas e puxa sacos, infeliz. (Ela também produziu algumas crianças reais extras, para as quais algo a fazer tinha que ser encontrado.)”