Marilene Felinto, colunista da Folha de S. Paulo, publicou um artigo no qual questiona qual será o papel do jornalismo em um eventual governo Lula. Segundo ela alguns jornalistas pensam em sair da imprensa em caso de vitória do petista pois não querem se submeter “à emboscada de distorção da realidade promovida pela imprensa a um governo de esquerda”. Leia trechos:
Se Lula ganhar a eleição, quem sabe a mídia caia em si e trabalhe em prol da democracia. Sim, quem sabe. Alguns jornalistas que conheço pensam em sair da imprensa se Lula ganhar, porque não querem se submeter de novo ao massacre, à emboscada de distorção da realidade promovidos pela imprensa a um governo de esquerda —perseguição que levou certos profissionais ao extremo da náusea, quando do golpe de 2016.
Jornalistas de carteirinha me disseram isso —comentário que teve um efeito subitamente paralisante sobre mim. Mas será? Vão inverter de novo o lide (as primeiras linhas da matéria)? Vão esconder de novo o fato, jogá-lo para o fim do texto, em vez de apresentá-lo no começo, precisamente como o fato deve ser? Vão fingir que estão dando a notícia? Não aprenderam no que isso resulta? Ou vão mesmo insistir na fabricação da mentira e na “fabricação da amnésia” social (para usar expressão de José Arbex Jr.)?
Este o temor de certos jornalistas: de que a mídia se arvore novamente a partido, a parlamento, que sucumba uma vez mais ao posto ignóbil de balcão de negociatas políticas da classe dominante, que sirva de arauto da desonestidade, a palco de espetáculo da manipulação e da desinformação. (…)