Se Armínio Fraga vê a união Lula-Alckmin como um grande gesto pela democracia e chega a se emocionar ao dizer que a dupla é a nossa chance de resgate da esperança.
Se Henrique Meirelles afirma publicamente que continua confiando na capacidade de Lula.
Se André Lara Resende garante que Lula é a melhor opção, porque devolverá o Brasil ao que define como o estado democrático e civilizado.
Se André Esteves diz que Lula pode trazer leveza, alegria e paz aos brasileiros, que é o que a maioria deseja com urgência.
Se todos esses caras, são vozes do empresariado, confiam em Lula. Se todos eles, com ligações estreitas com o mercado financeiro, porque muitos são parte desse mercado, vão votar em Lula.
Se nomes de expressão da elite da economia, historicamente refratária a Lula, agora expressam apoio ao retorno de Lula ao poder.
Se está claro para quem é democrata, mesmo sendo conservador ou liberal ou representante do mercado, que não há saída sem a derrota de Bolsonaro, que somente será possível com Lula, o que leva muitos admiradores desses caras a rejeitarem a salvação oferecida por Lula e Alckmin?
Por que o brasileiro macho, branco, rico ou que se acha rico, que se diz liberal na economia e nos costumes, mas é um baita reaça, não acompanha Meirelles, Fraga, Lara Resende e Esteves?
A resposta não tem complexidade: eles não são liberais, como todos esses citados de fato são liberais na economia e liberais no sentido da percepção da política e da vida.
São ultraconservadores que, mesmo admirando esses nomes e outros do mercado, são incapazes de admitir que votam em Bolsonaro por serem simpatizantes do fascismo.
O brasileiro branco, macho, empreendedorista, retoricamente pró-mercado, que mantém o discurso anti-Lula e anti-PT, agregado à conversa rasa do anticomunismo, é um idiota político amarrado a um lastro atávico de extrema direita.
Esse sujeito, que até 2016 era eleitor dos tucanos, teve em Bolsonaro o que não dispunha antes: o líder que o acolhe, por expressar seus pensamentos mais genuínos.
O reaça que admira líderes do mercado como defensores de suas ideias liberais é, ao mesmo tempo, um admirador de Bolsonaro, porque não há contradição nisso.
O fato de que seus ídolos liberais estão com Lula não muda nada. O branco macho e reaça é, antes de assumir qualquer outra posição, um admirador de ideias totalitárias.
Ser liberal e pró-mercado é menos importante do que ser admirador de um déspota que defende os pontos de vista dessa gente, como racista, xenófobo, homófobo, misógino, negacionista, anticotas, antirreservas indígenas.
Se todo o mercado financeiro e as lideranças empresarias do país abrissem o voto para Lula, esse brasileiro continuaria com Bolsonaro, porque é o que sua índole manda.
Esse presumido liberal bolsonarista é na verdade o direitista primitivo, que prefere seguir Bolsonaro a ser orientado por Armínio Fraga e André Lara Resende.
Ele está muito mais próximo do grileiro e do garimpeiro da Amazônia do que dos rapazes da Faria Lima.
Ele não é pró-mercado, é pró-golpe, pró-loteamento do Estado pelos militares. Esse sujeito que discursa como liberal e se comporta como bolsonarista raiz é o que ajuda a explicar o apoio de um terço dos eleitores ao amigo do padre.
O ‘liberal’ que deu de comer a Bolsonaro e sustentou sua sobrevida até aqui é o impostor do Brasil arcaico.