Publicado originalmente em O Tijolaço
“É o jeitão” dele, dizem os aliados de Jair Bolsonaro para justificar, um após o outro, coices e absurdos ditos, de maneira quase gutural, pelo candidato a Fürher do Brasil.
Deixo-o de lado, neste texto, porém, e trato do que aconteceu com esta sociedade que caminha para a barbárie, orgulhosamente e usando Jesus Cristo às avessas, abolindo a fraternidade e até mesmo a empatia, seu degrau mais acessível.
Mas, como na desculpa de que “é o jeitão dele”, embora seja cada vez menor o desconforto e mais aberta a estupidez, ainda há resquícios desta vergonha de aderir a quem é assim.
É apenas ver quantos se encobriram , nas pesquisas, declarando voto em Ciro, em Simone Tebet ou proclamando-se indecisos para, na solidão da urna, marcarem nela o nome de Bolsonaro. Foram de 4 a 5 milhões de votos obtidos assim, de última hora, basicamente do “medo de Lula”.
Deve-se a eles não ter sido liquidada a eleição em primeiro turno.
Mas não é a eles que se deve a assustadora votação bolsonarista. Ela seria grande, pelo processo de destruição a que, deliciosamente, a direita tradicional, mas não a imensidão de 43% dos eleitores.
Este volume aconteceu por contada máquina de pastores evangélicos que opera a maior manipulação de eleitores da história do Brasil.
Os números do Datafolha, que dão um apoio eleitoral de 61% dos eleitores evangélicos, contra 30% de Lula, num universo de 30 milhões de eleitores, representam 9 milhões de votos. Sem esta diferença, a vantagem de Lula teria sido na ordem de 15 milhões de votos, uma decisão incontestável da sociedade.
São estes dois grupos movidos mais pela desinformação e preconceito, mais que por uma ideologia fascista, que devem ser o alvo destes dias finais de campanha.
O Brasil precisa deles para não correr o risco de cair num regime ditatorial que já nem se constrange mais que vai manipular tudo, a começar pelo Supremo Tribunal Federal e ao poderio extremista que conseguiu no Congresso para acabar de vez com a democracia brasileira.