Justiça do AM manda soltar suspeito de mandar assassinatos de Bruno e Dom, mas ele seguirá preso

Atualizado em 9 de outubro de 2022 às 17:53
Rubens Villar Coelho, conhecido como ‘Colômbia’, no momento de sua prisão em julho deste ano. Foto: Reprodução

A Justiça Federal do Amazonas autorizou na quinta-feira (6) a soltura de Ruben Dario da Silva Villar, conhecido como “Colômbia”, preso desde 8 de julho por suspeita de ser o mandante dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, mortos durante uma emboscada enquanto viajavam pelo rio Itacoaí, no dia 5 de junho. Ele é apontado pelas investigações como suposto chefe de uma quadrilha de pesca ilegal na reserva indígena Vale do Javari, no estado do Amazonas. Colômbia, no entanto, permanece preso, por conta de outro mandado de prisão referente também a crimes ambientais.

No dia 24 deste mês, ele passará por um nova audiência, oportunidade em que a reversão da prisão será reivindicada por sua defesa. O argumento é que o preso tem residência fixa e atua numa atividade econômica conhecida, a pesca legalizada.

Colômbia teve a liberdade provisória decretada pela Vara Federal Cível e Criminal de Tabatinga e terá que se submeter a medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica e o pagamento de uma fiança no valor de R$ 15 mil, se também for liberado no outro processo. Ele também não poderá deixar a cidade de Manaus, apesar de residir em Benjamin Constant. É que sua cidade tem uma conexão de internet ruim, o que criaria dificuldades para o monitoramento por meio da tornozeleira.

O Ministério Público Federal recorreu da decisão e se posicionou contra a liberação do preso. “Em síntese, sustentou-se que a atual incerteza acerca do nome ou da naturalidade do requerente não poderia ser motivo para concessão do decreto liberatório. Argumentou-se que Rubens (ou Ruben) responde a dois processos criminais”, afirmou o órgão.

Estão presos ainda Amarildo Costa de Oliveira, o “Pelado”, Jeferson da Silva Lima, o “Pelado da Dinha”, e Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos” e irmão de Amarildo, que é réu confesso do crime.

As mortes de Bruno e Dom

Bruno e Dom foram assassinados a tiros quando percorriam de barco o rio Itacoaí, próximo à reserva indígena Vale do Javari (AM), no dia 5 de junho. A área concentra o maior número de povos indígenas isolados no mundo.

Indigenista licenciado da FUNAI, Bruno já vinha sofrendo ameaças pelo trabalho que desenvolvia junto aos indígenas de apoio e proteção de suas terras, alvos constantes da invasão de pescadores, garimpeiros e madeireiros. Já Dom percorria a região por conta de um livro que estava escrevendo sobre a questão ambiental no Brasil.

O caso veio à tona depois que a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari, a Univaja, denunciou o desaparecimento dos dois. O governo Bolsonaro e os órgãos de segurança pública, incluindo o Exército que patrulha a região, foram acusados à época de demorar a agir no caso.

Com informações de O Globo.

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