Arthur Lira, o notório colaboracionista do fascismo que safou Bolsonaro de dezenas de pedidos de impeachment e que coordena o bilionário orçamento secreto, agora coloca a Câmara dos Deputados a serviço da estratégia de Bolsonaro e dos generais no ataque às pesquisas eleitorais.
Lira faz, assim, o jogo diversionista do governo militar, que passou a encampar a bandeira falsa de manipulação das pesquisas em lugar da falsa bandeira de fraude das urnas.
Com isso, Bolsonaro e as cúpulas militares ganham um relevante aliado institucional na cruzada antidemocrática que promovem com a instalação do clima de caos, tumulto, instabilidade e arruaça no país.
A Câmara deveria agir de modo contrário e se sintonizar com a demanda da sociedade, da imprensa nacional e de outras instituições civis, como o TCU, TSE e o STF.
O país inteiro continua aguardando a prestação de contas das Forças Armadas em relação à apuração paralela realizada no dia 2 de outubro com desperdício de dinheiro público e uso das estruturas do Estado brasileiro.
Sintomaticamente, no entanto, as Forças Armadas e o general-ministro da Defesa silenciaram em relação à denúncia de fraude das urnas que eles mesmos irresponsavelmente alardeavam aos quatro ventos.
A razão do silêncio é evidente: as urnas não só não foram fraudadas, como a apuração mostrou um resultado favorável a Bolsonaro. O silêncio ilegal e abusivo dos fardados não surpreende a quem acompanha e manja as manobras diversionistas e enganadoras deles.
Para seguir a estratégia de avacalhação no segundo turno, Bolsonaro e as cúpulas militares simplesmente deixaram de lado a mentira sobre as urnas, como se o assunto nunca tivesse existido, embora tenha sido fabricado por eles mesmos, e passaram a alimentar a usina de mentiras e raciocínios torpes sobre pesquisas eleitorais.
Sob a presidência de Lira, portanto, a Câmara dos Deputados também passa a integrar, de modo orgânico e operacional, a poderosa máquina bolsonarista de corrupção, abuso e banditismo político-eleitoral.
Lira abusa do poder do cargo e corrompe o papel da Presidência da Câmara dos Deputados. A decisão deste colaboracionista do fascismo representa uma inversão total de valores, pois ele articula o Legislativo com a engrenagem da extrema-direita fascista, ao invés de fortalecer a democracia e preservar a independência dos poderes da República.
A Câmara deveria estar na linha de frente da defesa da democracia ante a intimidação e as ameaças criminosas de Bolsonaro e das cúpulas partidarizadas das Forças Armadas às instituições civis e ao Estado de Direito.
Se estivesse vivo, Tancredo Neves não hesitaria em subir à tribuna da Câmara dos Deputados para dirigir ao deputado Arthur Lira o merecido adjetivo dirigido ao senador Auro Moura Andrade, o então presidente do Congresso que em 2 de abril de 1964 se agachou aos militares golpistas e declarou falsamente que Jango havia abandonado a Presidência do Brasil: “canalha, canalha, canalha!”.
Publicado originalmente no blog de Jeferson Miola