Após vexame de bolsonaristas, Malafaia diz que clérigos de Aparecida são “apadrinhados de Lula”

Atualizado em 13 de outubro de 2022 às 15:19
O pastor evangélico Silas Malafaia
Foto: Reprodução/Agência Brasil

Após as confusões causadas por apoiadores do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) em sua visita ao Santuário Nacional de Aparecida, o líder religioso Silas Malafaia chamou as acusações de que o chefe do Executivo teria instrumentalizado a fé para benefício eleitoral de “conversa fiada”. O pastor ainda afirmou que clérigos católicos se alinharam com ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Se um cara que não é evangélico chega na minha igreja, ele tem acesso. Como é que um cara que é católico e chega na Igreja Católica não tem acesso? Ou é porque Lula não foi, e eles são apadrinhados de Lula?”, disse o religioso à Folha. “Essa que é a questão. O que Lula faz, pode. O que Bolsonaro faz, não pode. Essa conversa fiada enche o saco.”

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) criticou, na véspera do feriado, “a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno”. Em nota, a CNBB lamentou a exploração da religião na campanha de segundo turno.

Na quarta-feira (12), o arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, disse que é “preciso vencer os dragões do ódio e da mentira”, logo após a visita de Bolsonaro. A declaração foi entendida como uma indireta ao presidente.

Outros líderes religiosos também se posicionaram. O padre Camilo Júnior parabenizou “a você que está aqui dentro da Basílica, rezando, você que entendeu que hoje é dia de Nossa Senhora Aparecida”. “É a ela as nossas palmas, é a ela a nossa aclamação, é a ela o nosso viva”, disse ele, reforçando que o momento não era para pedir votos, mas bênção à Padroeira do Brasil.

Malafaia, o maior cabo eleitoral do presidente no seguimento evangélico, disse ainda que Bolsonaro não errou. “Primeiro que ele não foi pedir voto. Tenho os vídeos aqui. A passagem de Bolsonaro dentro da Basílica, o povo ovacionando, ele calado, não aperta a mão, não para. Então essa conversa é fiada, na minha opinião.”

Segundo ele, o petista não foi a Aparecida com medo da reação popular. “E por que Lula não foi lá? Ficou com medo de ser chamado de ladrão?”

O líder da Assembleia de Deus comentou sobre as situações em que apoiadores do Bolsonaro hostilizaram equipes de TV. Alguns deles carregavam cervejas em suas mãos.

“Bolsonaro agora vai controlar pessoas? Cada um é responsável por suas asneiras e seus acertos. Não posso transferir para o presidente atitudes erradas de um evangélico que faz uma loucura, que bate em alguém porque vota em Lula, ou porque xinga. Numa multidão de gente, tem cara que não tem senso.”

O presidente está no Recife para encontros com lideranças evangélicas locais e nacionais, com a esperança de aumentar sua quantidade de eleitores na região que teve a maioria de seus votos dados ao petista no primeiro turno.

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