MPF diz que falas de Damares não estão em denúncias dos últimos 30 anos

Atualizado em 13 de outubro de 2022 às 17:23
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Damares Alves
Foto: Reprodução

O Ministério Público Federal do Pará divulgou uma nota nesta quinta-feira (13) afirmando que nenhuma denúncia feita ao órgão nos últimos 30 anos sobre tráfico de crianças na Ilha de Marajó (PA) se assemelha “às torturas citadas” pela ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF) durante um culto no último final de semana, quando ela relatou supostos casos de violência sexual contra crianças.

Segundo o órgão, de 2006 a 2015, em três inquéritos civis e um inquérito policial instaurados a partir de denúncias sobre supostos casos de tráfico de crianças que teriam ocorrido desde 1992 no arquipélago de Marajó, no Pará, nenhuma das denúncias é semelhante às torturas relatadas pela ex-ministra.

O MPF diz ainda que as falas que não tratam de tráfico infantil foram encaminhados ao Ministério Público do Estado do Pará, que pediu ontem que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direito Humanos encaminhe as denúncias que se referem às falas de Damares, para que os crimes sejam investigados.

O órgão afirma estar aguardando informações da pasta. “Até o início da tarde desta quinta-feira o Ministério não havia apresentado resposta.”

Em nota, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos afirmou que a ex-chefe da pasta se baseia em “numerosos inquéritos já instaurados que dão conta de uma série de fatos gravíssimos praticados contra crianças e adolescentes”.

A Polícia Civil do Pará disse em nota ao UOL que não tem “nenhum registro referente aos modos de atuação descritos pela ex-ministra” e encaminhou “ofício solicitando documentos e mídias citadas” por Damares para iniciar “de forma urgente investigação sobre os fatos relatados”.

Durante um culto no último final de semana, Damares disse que teriam sido cometidos abusos contra crianças na Ilha de Marajó (PA).

“Eu vou contar uma história para vocês, que agora eu posso falar. Nós temos imagens de crianças brasileiras de três, quatro anos que, quando cruzam as fronteiras, os seus dentinhos são arrancados para elas não morderem na hora do sexo oral”, relatou. Ela disse ainda que as meninas e meninos comem comida pastosa “para o intestino ficar livre na hora do sexo anal”, afirmou.

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