Publicado originalmente em O Tijolaço
O resultado do Datafolha, apontando uma diferença de 4%, tanto nos votos totais (49% a 45%) quanto nos válidos (52% a 48%) claro que é preocupante.
Preocupante, mas não o suficiente para criar desespero entre lulistas e nem euforia entre bolsonaristas.
Esta eleição, infelizmente, não está sendo disputada entre as campanhas políticas, mas na resistência da sociedade à implantação de um regime de fundamentalismo religioso no Brasil.
Os números do Datafolha não deixam dúvida.
Em nenhum segmento, seja por região, raça, escolaridade ou renda, Bolsonaro atinge uma vantagem tão desproporcional sobre Lula quanto no segmento evangélico. Ali, o falso Messias tem 66% dos votos contra 28% de Lula.
Considerando, modestamente, que os evangélicos sejam 25% do eleitorado (muitos estimam em 30%) os 38 pontos de vantagem no recorte são nada menos que 9,5% de votos totais favoráveis a Bolsonaro.
Vale dizer que, sem eles, Bolsonaro estaria agora com 35% dos votos totais ou com 39% dos votos válidos.
Ou seja, é preciso ter claro que a eleição em nosso país está chegando ao segundo turno sob alguma indefinição por um único fator: a máquina de pastores que está movendo um fanatismo – e baseado em fake news primárias como fechamento de igrejas, banheiros unissex e uma pretensa demonização de Lula – absolutamente doentio e irracional.
Inacreditável que, na terceira década do século 21, estejamos diante de uma eleição presidencial a ser decidida nem sequer pela religião, mas por uma apropriação fundamentalista da fé.
O que está levando o Brasil à condição de um estado teocrático, senão formal, ao menos politicamente vinculado a isso, a ter um Silas Malafaia como “aiatolá” supremo do país.
A vitória de Lula ainda está desenhada e cabe ao nosso esforço imprimi-la nas urnas. São os evangélicos o alvo principal de nosso esforço nestes últimos 11 dias, porque entre eles um voto vale dois.