Por Fernando Brito
O filme não é novo, é assustador, mas há gente que vale a pena ver de novo.
Além dos preços, que já ensaiam para disparar após as eleições, a Folha de hoje revela a fórmula do veneno preparada nos laboratórios de Paulo Guedes como forma de tirar dos trabalhadores mais humildes e dos aposentados o dinheiro necessário para reequilibrar as contas do governo, depois que se encerrar a fase do “Bolsonaro bonzinho”.
Idiana Tomazelli e Julianna Sofia, na Folha, revelam que se prepara “uma Proposta de Emenda à Constituição [que] seria apresentada no dia seguinte à eleição” para desvincular o salário mínimo e os benefícios previdenciários da correção pela inflação.
Ou seja, reduzir-lhes o valor real.
“Trechos da proposta obtidos pela Folha afirmam que o salário mínimo deixa de ser vinculado à inflação passada”. Na nova regra, o piso “considera a expectativa de inflação e é corrigido, no mínimo, pela meta de inflação”. O gasto com benefícios previdenciários “também deixa de ser vinculado à inflação passada”.
Para ter ideia do que isso representaria, o reajuste do mínimo, que foi este ano de 10,16% (para R$ 1212), aplicada a tal “correção pela meta”, seria de 3,5%, ficando com um valor de R$ 1.038.
Uma “garfada” de R$ 74 no bolso de cada trabalhador, da ativa ou aposentado, que ganha o mínimo, sem contar os que dependem de benefícios ou seguro-desemprego vinculados ao piso dos salários.
É óbvio que a campanha bolsonarista vai desmentir. Depois… Bem, depois é “responsabilidade fiscal”, é “não deixar o país quebrar”, é qualquer coisa, como foi, no distante 1986, o “liberou geral” dos preços, depois que o Plano Cruzado tinha cumprido seus objetivos eleitoreiros.
Agora, porém, é mais fácil alertar a população, pelas redes, que Bolsonaro vai arrochar o salário mínimo.
Texto publicado originalmente em Tijolaço