Não é preciso muito para perceber que o governo Bolsonaro é um projeto misógino.
Isso, por si só, deve bastar para que uma mulher – qualquer mulher – se oponha a este projeto, que sequer, a esta altura, pode ser chamado um projeto político.
Mas não é bem assim que o jogo político funciona.
Como verdadeiras tias – esposas, no caso de dona Micheque – de “The Handmaid’s Tail”, mulheres têm sido usadas a rodo, chegando a serem enviadas para tentarem calar as venezuelanas vítimas do discurso pedófilo – e sabe-se mais lá do quê – de Bolsonaro, sem sucesso.
Felizmente outras – como Simone Tebet e Marina Silva – uniram-se ao único capaz de salvar o país desse pesadelo.
A agenda de Tebet é completamente diferente da de Lula. Historicamente uma liberal, auxiliar do golpe de Dilma Housseff (também uma mulher, é bom lembrar, embora tantos digam que não é hora), é agora sensatíssima ao defender a democracia e o Estado de Direito.
Marina, evangélica fervorosa, certamente enxerga em Bolsonaro o anticristo. Foi lúcida o suficiente para não ceder às pressões de evangélicos e escolheu o lado da verdade.
Duas grandes mulheres. Especialmente se comparadas a um anão moral como Ciro Gomes, virtualmente desaparecido do segundo turno. Um covarde que nunca voltou de Paris.
É certo que, diferentemente de Marina, Simone lançou mão das pautas feministas na campanha sem dó nem piedade, como se fosse a maior feministona da história da p*rra toda, e devemos estar atentas a isso em uma próxima empreitada: mas, por ora, as mulheres seguem sendo as donas da sensatez, como sempre foi na história do mundo – que me desculpem os apoiadores homens, também nossos companheiros.
Abrir mão – ainda que temporariamente – do próprio ego em nome de um bem maior é uma virtude das grandes almas.