Na noite desta segunda-feira (24), um apartamento que tinha uma bandeira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estendida na sacada foi alvo de um projétil no bairro Ahu, em Curitiba, a capital do Paraná. No momento do disparo, uma criança de seis anos estava sentada no sofá, próximo à varanda.
Os relatos e imagens do episódio de violência foram compartilhados nas redes sociais pela família. A bancária e criadora de conteúdo Bia Frecceiro, irmã do homem que mora no apartamento, deu uma entrevista contando o que houve.
Ao UOL, a mulher informou que a ação partiu provavelmente de um bolsonarista incomodado com o posicionamento político.
“Ele nasceu de novo”, disse Bia Frecceiro, tia da criança. “Ficou assustado, abalado. Minha cunhada ficou cuidando dele até que ele conseguiu dormir, mas ela e meu irmão ficaram acordados a noite toda”. O disparo foi feito por volta das 19h30, e segundo a tia, não atingiu a criança por questão de centímetros.
“Ontem eu fui dormir e quase tive uma crise de pânico. Minha mão começou a formigar inteira. É de passar mal”, disse Bia. “Eu tenho um filho de seis anos. Toda vez que imagino é um pesadelo”.
Após o disparo, com medo de novas ameaças, o irmão de decidiu remover a bandeira da sacada. “Ele tem essa bandeira há anos e, pela primeira vez isso acontece, a poucos dias das eleições”.
“Parece que a gente tá vivendo em uma guerra civil em que só um lado morre e só um lado mata. A insegurança é total, não tem mais democracia, não pode mais expor posição política”, continuou a bancária.
A criadora de conteúdo relembrou que, durante as eleições de primeiro turno, ela foi votar usando uma camisa vermelha da Mulher Maravilha e que sentiu perseguida por um homem que estava usando uma camiseta verde e amarela que disse para ela: “Hoje não vai ser de boas”.
“O nosso lado não é violento. Tanto que eles se sentem à vontade para pendurar bandeira. Os eleitores de Lula sentem medo, pânico”, continuou.
Bia comentou que possui dois adesivos eleitorais do ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), porém, que não tem coragem se usar eles nessas condições. “Estão numa sacola”.
A assessoria de imprensa da Polícia Civil do Paraná foi procurada pelo UOL, porém, não houve comunicação. A família registou um boletim de ocorrência na manhã desta terça-feira (25) para tentar identificar quem foi o autor do disparo.
“A gente tem esperança, mas a realidade é outra”, encerrou.
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