O centrão, como tem feito desde a sua criação, durante a Assembleia Nacional Constituinte de 1988, já sinaliza com a possibilidade de apoio ao futuro governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, desde que este não crie nenhum obstáculo para que Arthur Lira (PP-AL) prossiga na presidência da Câmara dos Deputados.
O deputado alagoano foi uma das primeiras autoridades a reconhecer a vitória do petista, diferentemente de Jair Bolsonaro, que levou 45 horas para manifestar-se e, quando o fez, sequer citou seu adversário.
Ao saudar a eleição de Lula, Lira disse que a “vontade da maioria manifestada nas urnas jamais deverá ser contestada” e emendou lembrando que é necessário desarmar espíritos e estender as mãos ao adversário para pacificar o país.
Uma aliança com o centrão seria positiva a ambos, uma vez que além de dar ao novo governo uma sólida maioria para a aprovação de seus projetos, ela isolaria o bolsonarismo mais radical no Congresso.
Um nó a ser desatado para que essa parceria possa ser operacionalizada é a resistência que Renan Calheiros possa apresentar à ideia: ele e Lira são adversários em Alagoas.
Um aspecto é fato: Lula precisará ampliar sua base de apoio. Hoje, o petista tem 120 deputados da base de esquerda e há partidos não alinhados com o centrão, tais como PSD, MDB e União Brasil que, mesmo que aderissem integralmente, não dariam ao novo mandatário o número suficiente para que Lula pudesse aprovar emendas à Constituição, por exemplo: nesse ponto, o reforço de 200 deputados do centrão seria bem-vindo.
Na outra casa legislativa, o Senado, a posição moderada de Rodrigo Pacheco ante ao bolsonarismo pode facilitar o diálogo com o futuro governo.