O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, afirmou que não quer “nenhuma conversa” com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que não é como “alguns poucos” protestantes que não podem ver “o doce do poder”, em uma indireta clara ao bispo Edir Macedo.
“Eu não sou mosca de padaria que não pode ver um doce que se aproxima. Lamento dizer que alguns poucos líderes evangélicos não podem ver o doce do poder que correm para eles”, disse Malafaia à coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo
“Eu não quero nenhuma conversa, nenhuma aproximação com o governo Lula”, acrescentou.
O pastor, que foi um dos principais cabos eleitorais de Jair Bolsonaro (PL) durante a campanha, afirmou que “a vontade soberana do povo se estabeleceu” e que seu papel, agora, é orar por Lula. “O cara ganhou? Meu papel é orar por ele, esse é o meu papel. Já fiz a oração aqui na igreja. Até os idiotas do PT tentaram usar [contra mim], mas sempre disse que a igreja não apoia ninguém, quem apoia somos nós. A igreja é uma instituição que está acima disso”, disse.
Depois que o petista venceu as eleições, o fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, bispo Edir Macedo, declarou que perdoar Lula seria um ato cristão.
“Não podemos ficar com mágoa, porque é isso que o diabo quer”, afirmou o bispo. “O diabo quer acabar com sua fé, com seu relacionamento com Deus por causa de Lula ou dos políticos. Não dá, não dá, minha filha, bola pra frente, vamos olhar pra frente.”
A declaração foi feita numa live nas redes sociais. No vídeo, Macedo diz que orou por Jair Bolsonaro (PL), mas que a vitória de Lula foi uma escolha divina: “Eu orei, ‘ó, Deus, quero que Bolsonaro ganhe’. Mas seja feita Vossa vontade, sobretudo, porque o Senhor é quem manda.”
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse nesta sexta-feira (4) que o partido dispensa o perdão de Edir Macedo. “Ele é quem precisa pedir perdão a Deus pelas mentiras que propagou, a indução de milhões de pessoas a acreditarem em barbaridades sobre Lula e sobre o PT, usando a igreja e seus meios de comunicação para isso. A nossa consciência está tranquila”, afirmou.