Vice-presidente e senador eleito pelo Rio Grande do Sul, Hamilton Mourão publicou nesta quinta-feira (10) um artigo no Estadão em que rifa o presidente Jair Bolsonaro, defende o resultado das eleições e afirma seu posicionamento de oposição ao futuro governo Lula (PT). Ele também faz críticas indiretas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e divulga um receituário de como a direita deve ser comportar no país:
O resultado da eleição presidencial deste ano foi um teste para a democracia no Brasil. Como aconteceu a tantos países na História contemporânea, das urnas emanou, no dia 30 de outubro passado, uma decisão cujos resultados só podem ser revertidos pela prática da democracia, a começar pelo respeito às manifestações ordeiras e pacíficas da população. (…)
De uma eleição em que os meios se impuseram aos fins não há o que comemorar, apenas lições e responsabilidades a assumir. (…)
Em português, como em outros idiomas, a direita está associada ao agir direito, ao procedimento correto, acertado e apropriado. A direita é razão e, por isso, mais uma vez, tem razão em abominar o que se afigura como possível de acontecer ao Brasil pelo desrespeito ao que ele é e à democracia que ele segue construindo. A direita respeita a lei, pratica a democracia e preza a verdade. (…)
A direita, por se orientar tanto por ideias quanto por ideais, se espraia por várias demandas, é pouco ideológica e dá espaço a novas lideranças, porque sabe que precisa delas. Sendo difícil de enquadrar por qualquer programa partidário único, o eleitor de direita é a antítese do súdito perfeito do autoritarismo e do totalitarismo. Na verdade, ele é a personificação impessoal da democracia. (…)
Fui eleito pelo Rio Grande do Sul para o Senado da República, apresentando-me como o verdadeiro candidato da direita ao povo gaúcho que me escolheu para servi-lo e ao Brasil. Estou pronto para formar nas fileiras da oposição democrática, ao lado de meus companheiros de partido e de convicção num Brasil de progresso, de honestidade e de segurança para toda a sua população, como sentinela atenta das liberdades e defensor intransigente dos valores e ideais que me elegeram, propugnando pelo resgate das prerrogativas e dos deveres do Senado Federal, cujo esquecimento levaram o Brasil a situações inimagináveis e inaceitáveis. (…)
O Brasil não pode se permitir pensar fora da democracia. Mas ele precisa de respostas neste momento, não da fala de autoridades que não as oferecem e extrapolam de suas atribuições disparando ameaças e ofensas. O acatamento a resultados de eleições caminha lado a lado com o respeito ao povo em suas legítimas manifestações.