Por Murilo Pajolla
O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, está com agenda de trabalho folgada desde a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais. A agenda oficial de Xavier, disponível no site do Governo Federal e cujo preenchimento é obrigatório por lei, aponta um compromisso de trabalho.
Desde o segundo turno, no dia 30 de outubro, Xavier deu expediente em apenas um dia – e por 30 minutos. A agenda mostra que ele participou de uma reunião na última sexta-feira (18) com o tema “Corregedoria da Funai”, no prédio da Controladoria-Geral da União (CGU) em Brasília.
O compromisso durou das 10h às 10h30 e teve a presença do ministro da CGU, Wagner de Campos Rosário, e de Carla Rodrigues Cotta, diretora de Responsabilização de Agentes Públicos da CGU. Com exceção dessa reunião, a agenda oficial de Xavier está vazia desde o fim do processo eleitoral.
Com o “sumiço”, Xavier segue a atitude de Bolsonaro, que mal fez aparições públicas desde a vitória de seu adversário nas urnas. O mandatário anda sumido também das redes sociais, que sempre foi o centro da sua estratégia de comunicação.
Agenda folgada
Uma análise dos compromissos de Xavier mostra que o ritmo de trabalho do presidente da Funai caiu drasticamente a partir da última semana antes do segundo turno. Até então, ele tinha compromissos quase diários.
Semanas antes da eleição, o perfil no Twitter de Xavier teve um boom de publicações. O conteúdo é majoritariamente contrário ao Partido dos Trabalhadores e ao “socialismo”, com poucas menções às questões indígenas. Desde o dia 30 de outubro, porém, ele não publicou mais nada na rede social.
Destino incerto
O destino de Xavier é incerto a partir de 2023. Durante o mandato de Bolsonaro, ele foi um fiel executor da política de Bolsonaro para os povos originários, classificada pelos indígenas como genocida. Sob seu comando, a Funai foi chamada por indígenas de “Fundação da Intimidação do Índio”.
O atual presidente da Funai é delegado da Polícia Federal (PF) e poderá voltar à corporação, caso não desempenhe papel na política a partir do ano que vem. Seu período à frente da Funai foi marcado pelo desmonte das políticas indígenas e perseguição a lideranças.
Publicado originalmente em Brasil de Fato