O relatório golpista que solicitou a invalidação de uma parcela dos votos das urnas nas últimas eleições foi divulgado por uma iniciativa do presidente Jair Bolsonaro (PL), que estabeleceu a data em que deveria acontecer e a maneira que seria.
O partido do presidente, o PL, chegou a divulgar que o relatório de verificação das urnas encomendado em agosto ao engenheiro eletrônico Carlos Rocha, só seria concluído em dezembro, a pedido de Bolsonaro. O relatório foi elaborado pelo Instituto Voto Legal, que Carlos coordena.
Na semana anterior ao feriado do dia 15 de novembro, Bolsonaro chamou o ex-deputado e presidente do PL, Valdemar Costa Neto, ao Palácio da Alvorada para pedir que apressasse a conclusão do documento.
Pouco tempo antes, em uma outra reunião no Alvorada, à qual foram convocados o engenheiro Carlos Rocha, o advogado do PL, Marcelo Bessa, e o marqueteiro Duda Lima, o presidente acertou os termos que prescreveram como seria a divulgação do relatório.
Segundo a colunista Thaís Oyama, do UOL, o advogado Bessa ficou responsável pela fala mais forte: “As inconsistências não permitem atestar que as urnas registraram o resultado eleitoral segundo a vontade dos eleitores”. O advogado ainda declarou, novamente, sem provas, que nas urnas analisadas “Bolsonaro teve 51% dos votos e Lula, 48,95%”. O advogado não conseguiu explicar como chegou a esse resultado.
O relatório utilizado pelo PL, sobre o resultado das eleições, faz conclusões incorretas de dados identificados pela legenda. O partido do presidente, que elegeu a maior bancada do Congresso no primeiro turno, pede a invalidação apenas de votos do segundo turno.
O chefe do Executivo também deu a ordem para que o evento de divulgação do relatório golpista fosse transmitido ao vivo pelas redes sociais da sigla, para que pudesse com facilidade ser replicado simultaneamente por diversos bolsonaristas.
Ainda assim, aliados do presidente estão convencidos de que ele ainda tenha esperanças de que, com a divulgação de falsas suspeitas sobre o resultado das urnas, possa influenciar seus apoiadores a tumultuar o ambiente social às vésperas da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, convocou os comandantes-gerais de todas as Polícias Militares para uma nova reunião nesta quarta-feira (23), em Brasília. Os aliados mais próximos de Bolsonaro não gostaram da decisão do ministro e se posicionaram contra o encontro.
O convite de Moraes aos comandantes foi feito a pretexto de discutir os protocolos de segurança adotados nas eleições. Moraes, ainda assim, deverá usar o encontro para reforçar a mensagem de que cabe às PMs garantir a manutenção da ordem pública.