O primeiro incidente diplomático da Copa do Mundo no Catar foi causado pelo primeiro-ministro ultranacionalista da Hungria, Viktor Orbán, aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL). Nesta quarta-feira (23), o europeu foi fotografado usando um cachecol com a imagem do mapa da “Grande Hungria”, com a configuração do país antes da Primeira Guerra Mundial.
A fotografia aparentemente casual do encontro entre o primeiro-ministro e um jogador da seleção da Hungria revelou uma mensagem “escondida” que irritou, principalmente, Ucrânia e Romênia. Os dois países protestaram contra o que chamaram de “manifestação revisionista de Orbán” e acionaram seus embaixadores em Budapeste, capital da Hungria, que é dividida pelo rio Danúbio.
O país de Orbán integrava o Império Austro-Húngaro que, após a derrota na Primeira Guerra, acabou perdendo grande parte de seu território. O Tratado de Trianon, assinado em junho de 1920, restabeleceu as novas fronteiras do país, que perdeu mais de 220 mil quilômetros quadrados.
Orbán foi pressionado a pedir desculpas, mas esnobou a situação. “Futebol não é política. Não leiam coisas que não estão lá. A seleção húngara pertence a todos os húngaros, onde quer que vivam!”, postou o premiê da Hungria em sua conta no Facebook.
Em abril de 2019, ele recebeu o filho do presidente brasileiro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL). Na época, o parlamentar estava à frente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
Em fevereiro de 2022, Bolsonaro visitou Orbán em Budapeste. Os dois fizeram um pronunciamento à imprensa. O presidente brasileiro chamou Orbán de “irmão” e destacou as afinidades políticas e ideológicas que eles têm em comum.
Recentemente, o primeiro-ministro antecipou que não irá apoiar o pacote bilionário de assistência à Ucrânia, previsto no orçamento da UE do próximo ano, e que não está disposto a pôr os interesses do povo ucraniano acima de seu próprio país.